Presidente sul-africano classifica de 'apartheid' sanitário as restrições impostas ao seu país
Covid-19
2 de dez. de 2021, 17:36
— LUSA/AO Online
"Embora respeitemos o direito de cada país a
tomar medidas para proteger a sua população, a cooperação global e
sustentável de que precisamos para ultrapassar a pandemia exige que
sejamos guiados pela ciência", declarou o Presidente da África do
Sul, Cyril Ramaphosa, após uma reunião com o seu homólogo da Costa do
Marfim, Alassane Ouattara.A África do Sul
opõe-se "firmemente a qualquer forma de 'apartheid' sanitário na luta
contra a pandemia" de Covid-19, acrescentou.O
Presidente Ramaphosa manifestou a "preocupação de que África e o resto
do mundo em desenvolvimento continuam a lutar [contra a pandemia] com
um acesso limitado às tão necessárias vacinas para salvar vidas".Ramaphosa reiterou
que a proibição de viajar da África do Sul e Austral, imposta por um
grande número de países, é "lamentável, injusta e contrária à ciência" e
exortou-os a "reverem urgentemente" a sua posição.O
chefe de Estado disse que a decisão de isolar o seu país foi "uma
bofetada na cara à perícia e excelência africanas", uma vez que foram os
seus "próprios cientistas que detetaram primeiro a variante Ómicron".O
Presidente agradeceu a Alassane Ouattara por demonstrar "solidariedade"
ao permitir que a sua visita de Estado à Costa do Marfim - a primeira
por um Presidente sul-africano desde o estabelecimento de relações
diplomáticas entre os dois países em 1992 - se realizasse nestas
circunstâncias.Devido ao aumento da
propagação do vírus, a África do Sul acelerou a sua campanha de
vacinação, alargando os locais de administração para centros comerciais e
paragens de transportes. Os novos casos
diários quase duplicaram. Na quarta-feira o número de casos era de
8.561, sendo que no dia anterior tinha sido de 4.373."Queremos que as famílias estejam seguras nesta época festiva", declarou hoje o ministro da Saúde, Joe Phaahla. "Antes
de irem para casa, antes de partirem de férias, certifiquem-se de que
se protegem a si próprios e àqueles que amam. Se visitar os seus pais e
eles ainda não tiverem sido vacinados, vá com eles para o local de
vacinação mais próximo de si. Isto pode salvar-lhes a vida", sugeriu o
ministro.A província de Gauteng, onde se
encontra a maior cidade da África do Sul, Joanesburgo, e a capital,
Pretória, é um foco de novas infeções, com mais de 70% dos novos casos.Os
funcionários de Gauteng dizem que estavam "a preparar-se para o pior",
aumentando as camas dos hospitais e reabrindo alguns hospitais de campo,
em antecipação do aumento das admissões de doentes da covid-19.Os
testes indicam que a variante Ómicron está a espalhar-se rapidamente e
encontra-se agora em cinco das nove províncias da África do Sul. Não se
sabe quantos dos novos casos diários envolvem a variante porque os
cientistas só podem fazer a sequenciação genética completa num pequeno
número de testes positivos.Contudo, parece
que a Ómicron está a "tornar-se rapidamente a variante dominante" na
África do Sul, de acordo com uma declaração emitida pelo Instituto
Nacional de Doenças Transmissíveis.O instituto afirmou que 74% das 249 amostras sequenciadas em novembro foram identificadas como Ómicron.O
governador de Gauteng, David Makhura, disse hoje que a província
começou a registar pelo menos 50.000 vacinações diárias esta semana.No entanto, cerca de metade dos 16 milhões de pessoas da província permanecem não vacinadas, declarou Makhura.O
número inclui muitos migrantes que se encontram na África do Sul sem
autorização e que, por conseguinte, não podem ser vacinados porque não
podem ser registados no sistema de vacinação digital, explicou o
governador.Cerca de 36% dos adultos na África do Sul estão totalmente vacinados, de acordo com as estatísticas oficiais.O país tem agora 19 milhões de doses das vacinas Pfizer-BioNTech e Johnson & Johnson, mas o ritmo das vacinações abrandou.Foi
por isso que as autoridades lançaram a nova campanha para aumentar o
número de vacinas administradas antes de um grande número de
sul-africanos começarem a viajar e a socializar durante a época de
férias.Desde o início da pandemia, a
África do Sul, com uma população de 60 milhões de pessoas, comunicou um
total de 2,9 milhões de casos confirmados e quase 90.000 mortes na
pandemia.A variante Ómicron tem sido relatada até agora em quatro países africanos (África do Sul, Gana, Nigéria e Botsuana).