Presidente PS cita elogios de conservadores mas aponta dislexia política em Montenegro
OE2024
12 de out. de 2023, 11:30
— Lusa/AO Online
Estas
posições foram transmitidas por Carlos César em conferência de
imprensa, no final da reunião da Comissão Política Nacional do PS, que
teve como tema central a proposta do Governo de Orçamento do Estado para
2024.“Como já foi reconhecido por vários
observadores, inclusive pelo líder do PPD [Luís Montenegro], este é um
Orçamento bem apresentadinho. Portanto, não precisamos muito de defender
algo que nós apresentamos quando aqueles que é suposto oporem-se
reconhecem a sua validade”, declarou.Carlos César, no entanto, demarcou-se de Luís Montenegro, quando este afirmou que o país está perante um Orçamento “pipi”.Para
o presidente do PS, o Orçamento apresentado pelo Governo caracteriza-se
pelo “equilíbrio, com melhores salários, diminuição de impostos,
atenção especial à habitação e aos jovens, mas sem colocar em causa o
futuro”.“É um Orçamento do Estado muito
virtuoso. Evidentemente, não partilho a opinião do líder do PPD quando,
daquela forma peculiar como se expressou, com uma certa dislexia
política, entendeu catalogar este Orçamento como sendo pipi. Não, não é
um Orçamento pipi, mas um Orçamento que constrói com segurança e avança
responsavelmente na recuperação dos rendimentos e da economia
portuguesa, dando confiança para o futuro”, contrapôs.Na
intervenção inicial, Carlos César citou os elogios de comentadores
políticos conservadores à proposta de Orçamento, defendeu que o
documento é cauteloso “em relação a eventuais situações excecionais”
resultantes da conjuntura internacional e considerou que o PS “está
atento aos protestos”.“O PS deve estar
cada vez mais atento às insuficiências, às falhas que são inevitáveis no
exercício de funções governativas e, sobretudo, deve ser cada vez mais
capaz de aprender com isso, de corrigir quando for o caso e retificar
percursos quando tal se afigurar absolutamente necessário. Essa cultura
do PS deve ser estimulada e contrariar a ideia de que estamos sempre no
caminho certo”, reforçou.Na perspetiva do
presidente do PS, é com esse sentido que se “recupera” a confiança, numa
alusão às sondagens, e manifestou-se confiante que os socialistas vão
vencer as eleições europeias e as regionais dos Açores.Em
relação às mais recentes sondagens sobre intenções de voto em eleições
legislativas, observou mesmo que o PS deixou de estar em queda, mas que,
agora, “a perda de confiança pelo eleitorado atinge o PPD”.Interrogado
sobre a crise que se desenvolve no setor da saúde, tal como o
primeiro-ministro, António Costa, também Carlos César sustentou a tese
de que o problema não é de financiamento do Serviço Nacional de Saúde,
mas de organização, ou seja, de qualidade de gestão.O
presidente do PS reconheceu disfuncionalidades em diversos setores
públicos, em particular na saúde e na educação, e advogou que as
respostas não devem caracterizar-se pela dureza, mas sim pelo realismo.Na
Comissão Política Nacional do PS, a intervenção mais crítica partiu do
dirigente da corrente minoritária Daniel Adrião, que voltou a criticar
“a falta de democracia interna no PS” e lamentou que a última reunião
deste órgão se tenha realizado já há 11 meses.“As
reuniões dos órgãos nacionais do PS não devem realizar-se quando dá
jeito ao secretário-geral. Devem realizar-se de acordo com a
periodicidade prevista nos estatutos do PS. Este é um problema do
sistema eleitoral, que dá excessivo poder aos líderes partidários”,
acusou. PMF // EJ