Autor: Lusa/AO Online
Esta é a primeira reação oficial libanesa às declarações do ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Gideon Saar, a 30 de junho, quando afirmou que Israel estava interessado em normalizar as relações com a Síria e o Líbano.
Os dois países continuam em guerra com Israel e Damasco afirmou que a normalização é “prematura”.
O Presidente libanês “fez uma distinção entre paz e normalização”, de acordo com um comunicado de imprensa.
"A paz é a ausência de guerra, que é importante para nós, no Líbano, neste momento. Quanto à questão da normalização, esta não está prevista na atual política externa libanesa", afirmou, ao receber uma delegação de um grupo de reflexão.
O Presidente apelou a Israel para que se retire dos cinco pontos que ocupa no sul do Líbano, alegando que a sua presença “impede a deslocação do exército para a fronteira”.
O acordo de cessar-fogo que pôs fim à guerra entre o Hezbollah pró-iraniano e Israel, em novembro, estipula que apenas o exército libanês e as forças de manutenção da paz devem ser destacados para o sul do país.
O Hezbollah deve retirar as suas forças e desmantelar todas as infraestruturas militares na região.
Esta semana, as autoridades libanesas deram a um enviado americano a sua resposta, que não foi tornada pública, a um pedido de desarmamento do Hezbollah no resto do país.
Neste contexto, o Presidente libanês declarou que as autoridades estavam determinadas a “ter o monopólio das armas no país”.
A aplicação desta decisão “terá em conta os interesses do Estado e da estabilidade, a fim de preservar a paz civil, por um lado, e a unidade nacional, por outro”, afirmou, o que significa que o Hezbollah não será desarmado pela força.
Durante muito tempo a força política dominante no Líbano, o Hezbollah é a única fação que conservou o seu arsenal, incluindo após a guerra civil libanesa (1975-1990), em nome da “resistência contra Israel”.
Este movimento, cujo arsenal inclui mísseis, saiu muito enfraquecido da guerra com Israel, que praticamente dizimou a sua direção.
Os ataques de Israel ao Hezbollah em território libanês prosseguem, com o exército a admitir na quarta-feira que realizou operações terrestres contra bases militares do grupo xiita.
O Exército israelita referiu que "destruiu a infraestrutura terrorista do Hezbollah no sul do Líbano", no que descreveu como "uma missão defensiva na fronteira libanesa para proteger a segurança dos cidadãos do Estado de Israel e eliminar qualquer ameaça ao território do país", de acordo com um comunicado.
Os militares israelitas justificaram este tipo de ataques contra o Líbano por estarem a agir contra as atividades do Hezbollah e, por isso, não sendo uma violação do cessar-fogo acordado em novembro.
No entanto, Beirute e o Hezbollah criticaram estas ações, também condenadas pelas Nações Unidas.