Presidente exclui cenário de eleições antecipadas e quer Costa “a governar”
30 de dez. de 2022, 11:44
— Lusa/AO Online
“Não pode haver eleições todos os
anos” e é “preferível que o Governo governe e governe cada vez melhor”,
disse Marcelo Rebelo de Sousa à partida de Lisboa para o Brasil, onde
assistirá à posse do Presidente brasileiro, Lula da Silva, em
declarações às televisões. O Chefe do
Estado disse duvidar que uma solução saída de novas eleições fosse mais
estável do que a atual maioria absoluta do PS, que ganhou as
legislativas em 30 de janeiro, qualificando a dissolução do parlamento
como uma “arma atómica de último recurso”. O cenário de eleições antecipadas foi colocado por partidos de direita, primeiro o CDS-PP e depois pelo Chega.Sobre
a posse de novos membros do Governo, Marcelo Rebelo de Sousa disse
esperar que no inicio de 2023 lhe seja apresentada a “solução
governativa” proposta pelo primeiro-ministro, e “a partir do dia 4, em
ultima análise dia 3, ao final da tarde, é possível dar posse”.“O
povo votou há 8 meses, não votou há muito mais, estamos numa guerra e
crise económica e financeira. Em terceiro lugar, não é claro que
surgisse uma alternativa evidente e forte imediata ao que existe”,
sustentou Marcelo Rebelo de Sousa.Para o
Chefe de Estado, “é preciso que país tire mais vantagens” do que
inconvenientes da dissolução do parlamento, sublinhando que
“experimentalismos não é a coisa melhor para as democracias”.“A
dissolução é uma arma atómica de que dispõe o Presidente da República,
não pode usar a arma atómica todos os anos, até por uma razão muito
simples: imagine que usa a arma atómica e que o povo português confirma o
partido no Governo, com maioria absoluta ou sem maioria absoluta. Já
viu a posição em que deixava o Presidente da República? Não a vai
utilizar para o ano ou para o ano seguinte, ou o ano seguinte”,
argumentou.Por outro lado, a dissolução do
parlamento significa três ou quatro meses de “paragem do país”, apontou
Marcelo Rebelo de Sousa, assinalando que, com “a substituição de
membros do Governo já há uma interrupção da vida política”. “Agora
imagine fazer isso em grande com uma dissolução”, afirmou, assinalando
temer que o ano de 2023 possa “ter problemas internacionais com reflexos
internos que não são bons”.“Nós tivemos
eleições ainda não há um ano, não podemos ter eleições todos os anos,
não podemos, cada vez que há remodelações ministeriais ou substituições
de equipas, mesmo que por problemas porventura mais sensíveis para uma
parte da opinião pública ou a opinião pública em geral, estar a recorrer
à dissolução”, defendeu.Sobre a
apresentação de uma moção de censura por parte da Iniciativa Liberal
(IL) no parlamento, Marcelo Rebelo de Sousa relativizou a sua
importância face à maioria absoluta de deputados de que o PS dispõe.“A
moção de censura normalmente funciona de forma diversa, conforme há
maioria absoluta ou não. Se não há maioria absoluta, há aquela dúvida
ate ao fim de saber se é aprovada ou não. Se há maioria absoluta, já se
sabe que é rejeitada, normalmente é aproveitada pelo Governo para
reforçar a sua posição, mas também serve para a oposição ou uma parte da
oposição, as varias oposições, dizer, de maneira diferente, o que
pensam em relação ao Governo”, afirmou. Num
cenário de maioria absoluta, insistiu, “normalmente o Governo aproveita
para, no sítio que lhe é mais cómodo, que é no parlamento, mostrar que
há seis meses ou sete teve o voto dos portugueses”, enquanto a “oposição
chama a atenção”, que é “como quem diz ‘atenção’, que não é por ter o
voto dos portugueses que não haja ao longo do mandato períodos de
desgaste de contestação”.De partida para o
Brasil, o Presidente foi questionado se assistirá ao funeral do jogador
de futebol Pelé, mas afastou essa possibilidade, dada a sua agenda e a
localização das cerimónias.“Gostava muito, conhecia-o, era uma pessoa e, sobretudo, um jogador excecional”, acrescentou.