Presidente eleita da Ordem dos Médicos nos Açores quer relançar Plano Regional de Saúde
26 de jan. de 2021, 16:45
— Lusa/AO Online
“Queremos contribuir
para que sejamos um parceiro ativo [na definição das políticas de
saúde]. A Ordem quer ser parte da solução e não do problema. O Governo
Regional tem que voltar a promover o desenvolvimento do Plano Regional
de Saúde”, afirmou à agência Lusa Margarida Moura.O
Plano Regional de Saúde, criado pelo anterior governo socialista dos
Açores, é um documento estratégico que "engloba recomendações,
orientações e ações para maximizar os ganhos em saúde para toda a
população da Região Autónoma dos Açores, tendo por base um processo de
planeamento centrado nas necessidades de saúde identificadas na região".A
também antiga diretora clínica do Hospital de Ponta Delgada quer que
todos colaborem na “promoção, definição e no planeamento das políticas
de saúde” e preconiza a criação de três observatórios “em áreas bastante
críticas”, tais como a saúde mental, doenças não covid-19 e pandemia. Margarida
Moura considera que, no âmbito da saúde mental, vivem-se momentos
“particularmente complicados” e salvaguarda que se habita "numa região
ultraperiférica e arquipelágica onde, de facto, os recursos
diferenciados nesta área são escassos”.Na
área das doenças não covid-19, a recém-eleita presidente especifica que,
“nos Açores, há semelhança do resto do país, houve um aumento da
mortalidade”, uma vez que “com a pandemia houve muitos atos médicos que
deixaram de ser realizados, aumentaram as listas de espera para
consulta, cirurgias e exames complementares de diagnóstico”, sendo que
os rastreios “têm que retomar a sua agenda”.Margarida
Moura aponta que, nos Açores, no âmbito do combate à pandemia da Covid-19, existem ilhas com e sem hospitais “com recursos humanos
exíguos e respostas que nem sempre deixam muitos tranquilos” os médicos.A
responsável manifesta-se empenhada em “pugnar que os açorianos tenham
uma medicina de qualidade e acesso aos cuidados de saúde”, tendo
considerado “fundamental que nos Açores haja uma medicina preventiva,
onde todo o euro que é gasto é poupado a longo prazo”.“Algo
que falta muito no Serviço Regional de Saúde é planeamento,
nomeadamente nos recursos médicos. Nós temos uma carência muito
preocupante em determinadas especialidades precisamente por não se ter
feito um planeamento a dez anos , algo que pretendemos fazer”, declara
Margarida Moura, que quer fixar jovens médicos nos Açores, algo que “tem
sido difícil”.A presidente do Conselho
Médico dos Açores da Ordem dos Médicos quer que sejam dadas as estes
profissionais “condições de trabalho para que sintam que são uma mais
valia permanecerem no Serviço Regional de Saúde”, sendo necessário que,
“quando o médico termina as suas provas públicas da especialidade, seja
contratado até 30 dias depois”.“Não podem
terminar a especialidade e continuarem a desenvolver trabalhos como
especialistas recebendo como internos de especialidade, o que é um fator
para desmotivar e que tem feito com que muitos jovens médicos em vez de
ficarem no Serviço Regional de Saúde terem ido para outras zonas do
pais, o que é erro clamoroso”.A
responsável reivindica a abertura de vagas da especialidade “por forma a
que haja a retenção de quadros médicos diferenciados na região”.