Presidente dos EUA pede à Rússia novo acordo para controlo mútuo
Nuclear
1 de ago. de 2022, 15:04
— Lusa/AO Online
Numa
declaração prévia à 10ª Conferência de Revisão do Tratado de
Não-Proliferação de Armas Nucleares, que hoje tem início, Joe Biden
anunciou que a sua administração quer negociar rapidamente “uma nova
estrutura de controlo de armas para substituir o Novo START, quando este
expirar em 2026”.Implementado em 2011, o
New Strategic Arms Reduction Treaty (Novo Tratado de Redução de Armas
Estratégicas ou Novo START) limita o número de armas nucleares dos
Estados Unidos e da Rússia, sendo considerado o único acordo de controlo
de armas remanescente entre as duas potências.A
negociação de um acordo que substitua o Novo START exige, no entanto,
“um parceiro disposto a operar de boa-fé”, disse Joe Biden, referindo
que “a agressão brutal e não provocada da Rússia na Ucrânia destruiu a
paz na Europa e constitui um ataque aos princípios fundamentais da ordem
internacional”.Por isso, argumentou, “a
Rússia deve demonstrar que está pronta para retomar o trabalho de
controlo de armas nucleares com os Estados Unidos”.O
Presidente norte-americano recordou que trabalhou no controlo de armas
“desde os primeiros dias da sua carreira”, tendo o Tratado de Não
Proliferação (TPN) de armas nucleares tido sempre como base o
desenvolvimento de “limites recíprocos e significativos de armas” entre
os Estados Unidos e a Rússia.“Mesmo no
auge da Guerra Fria, os Estados Unidos e a União Soviética foram capazes
de trabalhar juntos para garantir uma estabilidade estratégica”, afirma
na declaração hoje divulgada.Garantindo
que a redução desse tipo de armas se tornou uma prioridade na estratégia
de segurança nacional dos Estados Unidos, Biden recordou que os vários
Estados nucleares se reuniram em janeiro para reafirmar que “uma guerra
nuclear não pode ser vencida e nunca deve ser travada”.Segundo
os dados mais recentes do Instituto de Estocolmo de Investigação para a
Paz Internacional, referentes ao início de 2021, há nove países no
mundo com armamento nuclear: Estados Unidos, Rússia, Reino Unido,
França, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte.O
Presidente dos EUA alertou ainda a China que “também tem a
responsabilidade, como um Estado de armas nucleares do TNP e membro do
P5 [os Estados que são membros permanentes do Conselho de Segurança das
Nações Unidas], de se envolver em negociações” para reduzir os riscos.Por
outro lado, Biden reafirmou a sua intenção de voltar a liderar o acordo
de 2015 sobre o programa nuclear do Irão, depois de o seu antecessor,
Donald Trump, o ter abandonado em 2018. Biden
adiantou ter desenvolvido, em coordenação com aliados e parceiros
regionais, uma proposta “para garantir um retorno mútuo à plena
implementação do Plano de Ação Conjunto Integrado que garanta que o Irão
não adquire armas nucleares”.“Estamos a
trabalhar em estreita colaboração com a Agência Internacional de Energia
Atómica para garantir que a parceria AUKUS entre a Austrália, o Reino
Unido e os Estados Unidos atenda aos mais altos padrões de
não-proliferação”, afirmou.O acordo sobre o
programa nuclear do Irão, que visava suspender o desenvolvimento de
armas nucleares por Teerão em troca do levantamento das sanções
económicas impostas ao país do Médio Oriente deixou, na prática, de
funcionar em 2018, quando Trump decidiu retirar os EUA e restabelecer as
sanções.O Irão retaliou voltando ao seu
programa nuclear e, apesar de Biden ter garantido querer voltar ao
acordo assim que assumiu a Casa Branca, as negociações continuam
paradas, já que Teerão quer que a Guarda Revolucionária seja retirada da
lista das organizações terroristas pelos EUA, o que é fortemente
contestado pelos EUA e por Israel. “Neste
momento de incerteza e agitação no cenário global, reafirmar o nosso
compromisso para com os princípios básicos do regime global de
não-proliferação nunca foi tão crucial”, considerou Joe Biden na
declaração de hoje.