Presidente do Supremo diz nunca ter recebido convite de clubes para jogos de futebol
3 de fev. de 2020, 12:34
— Lusa/AO Online
“Esclareço que nunca
aceitei convites de qualquer clube de futebol para assistir a jogos”,
declarou à Lusa António Joaquim Piçarra, acrescentando: “Repudio, em
nome pessoal e como presidente do STJ e do Conselho Superior da
Magistratura [CSM ], insinuações gerais de parcialidade da justiça que
têm surgido a este propósito”. O
esclarecimento enviado à agência Lusa por António Joaquim Piçarra, que
preside também ao CSM, surge após uma notícia do jornal Record sobre
declarações à SIC da ex-eurodeputada socialista Ana Gomes, bem como um
"tweet" da diplomata em que esta diz constatar que o primeiro de uma
lista de juízes contemplados com bilhetes "grátis" do Benfica é "hoje
presidente do STJ e, simultaneamente, do CSM".
Nas declarações à SIC, reproduzidas pelo Record, Ana Gomes alude ao
caso de um juiz que pediu escusa por ser sócio de um clube de futebol
(Benfica) e cujo pedido não foi aceite, dizendo que isso é "estranho",
tanto mais quando "circula por aí, por exemplo, uma lista, que até hoje
não viu ser desmentida por ninguém, de 44 juízes portugueses que
recebiam bilhetes `grátis´ do Benfica".
Segundo disse Ana Gomes, essa lista tem um membro do atual Governo que
até fez parte de um coletivo de juízes, que determinou a prisão
preventiva de Rui Pinto (Antero Luís), e tem o próprio presidente do STJ
e do CSM. Questionado que sinal se dá aos
jovens juízes, em início de carreira, Ana Gomes adianta que essa lista é
pública, circula nas redes sociais, e exige uma tomada de posição não
só dos próprios juízes que lá estão, mas das próprias autoridades, das
instituições e do CSM (órgão de gestão e disciplina da magistratura
judicial). Ana Gomes, que tem defendido
uma investigação profunda às revelações feitas pelo ‘hacker’ Rui Pinto
(em prisão preventiva), quer em torno do "Luanda Leaks", quer
relativamente ao "Football Leaks", disse ainda não imaginar ver nenhum
dos 44 juízes (se não desmentirem e se demarcarem dessa lista) a
integrar, por exemplo, o coletivo de juízes que venha a julgar Rui
Pinto, ou a julgar, as questões relacionadas com os "Luanda Leaks", que
são produto das revelações de Rui Pinto.