Presidente do SINTAP considera aumento salarial de 0,3% uma "ofensa"
15 de fev. de 2020, 01:49
— AO Online/ Lusa
“A nota genérica que nos tem sido dada é de perplexidade e, obviamente, de repulsa por aquilo que é a proposta de Governo de atualizações salariais. Estamos a falar de 0,3%, com um pequeno acerto de sete euros para a base das carreiras de assistente técnico e de assistente operacional, com possibilidade de ir aos 10 euros, o que é manifestamente pouco e considerado uma ofensa para os trabalhadores”, afirmou, em declarações à Lusa.O dirigente sindical, que lidera também o SINTAP nos Açores, falava no final de dois dias de reuniões com “mais de uma centena de trabalhadores” de vários setores da administração pública nacional, regional e local na ilha Terceira.As atualizações salariais da função pública para 2020 marcaram a agenda destas reuniões, que serão agora alargadas às restantes ilhas do arquipélago.Sindicatos e Governo da República retomam as negociações na próxima segunda-feira, mas Francisco Pimentel tem poucas esperanças de que o executivo aumente o valor proposto inicialmente.“Vamos ver o que é que vai acontecer na segunda-feira, mas as expectativas não grandes nesta matéria, uma vez que o Governo continua agarrado aos 0,3%”, frisou, considerando a proposta “ridícula, irrisória e mesmo ofensiva”.“O Governo com esta proposta fez uma opção política clara de qual é a preferência que vai dar nos próximos anos, é que há 800 milhões de euros para dar ao Novo Banco, ao sistema financeiro, e para os funcionários públicos só há 80 milhões e isto é 10 vezes menos”, acrescentou.O SINTAP reivindica um aumento dos vencimentos de 3,5%, acrescido da atualização do subsídio de refeição para seis euros, alegando que os funcionários públicos estiveram 10 anos sem atualizações salariais ou progressões na carreira, o que resultou numa perda de poder de compra “na ordem dos 15%”.“Os trabalhadores que ganhavam mais de 1.500 euros acabaram por ter cortes entre 2,5 e 10% e nem sequer se falou até este momento em haver qualquer reposição dos cortes, nem em prestações. Merecíamos um pouco mais de consideração”, sublinhou o dirigente sindical.O sindicato defende ainda a revisão das carreiras e da tabela remuneratória única e alterações na aplicação do sistema de avaliação de desempenho, que, segundo Francisco Pimentel, obriga a um nivelamento por baixo, devido às quotas de 25 a 30% para notas superiores a adequado.“Isso leva a que bons funcionários acabem por ter notas inferiores, inclusivamente havendo dirigentes que preferem optar pelo adequado para não criarem melindres internos em termos de gestão, desmotivando os trabalhadores”, salientou.Nos Açores, o SINTAP tem registado também o incumprimento de procedimentos e de prazos na atribuição das avaliações.“Os trabalhadores ainda estão a ter conhecimento das classificações de serviço do ano transato, que deviam ter sabido o mais tarde até abril”, afirmou.