Presidente do Parlamento Europeu pede “sentido de responsabilidade” a frugais
Covid-19
25 de mai. de 2020, 17:49
— Lusa/AO Online
A
poucos dias de a Comissão Europeia divulgar a sua proposta para o fundo
de recuperação económica pós-pandemia, Áustria, Holanda, Dinamarca e
Suécia, os chamados países 'frugais', apresentaram no passado sábado um
plano de estímulo ao relançamento da União Europeia (UE) que rejeita
qualquer mecanismo de financiamento por dívida comum e defende uma
distribuição através de empréstimos.“Apelo ao seu sentido de responsabilidade”, declarou hoje David Sassoli, falando num encontro com correspondentes em Bruxelas.Para o líder da assembleia europeia, “não há países frugais nem países livres de despesas” relacionadas com a pandemia.“Pelo
contrário, há países conscientes da seriedade dos desafios que
enfrentamos e os que não o são. É por isso que peço a todos que estejam à
altura deste momento histórico”, frisou David Sassoli.Para o responsável, “agora não é altura para uma reflexão rígida, mas sim para a reconstrução”.“Caso contrário, acabaremos por ter uma Europa a velocidades diferentes”, ressalva.David
Sassoli lembra ainda que todos os Estados-membros da UE “beneficiam do
mercado único”, notando que “os países que levantaram objeções são
alguns dos que mais beneficiaram”.Na
proposta apresentada no sábado, os ‘frugais’ defendem uma ajuda de
emergência destinada aos países mais afetados pela pandemia de covid-19,
que passa pela atribuição de "empréstimos únicos, em condições
favoráveis, direcionado para atividades que mais contribuem para a
recuperação, como pesquisa e inovação, fortalecendo o setor de saúde e
uma transição verde".Para os quatro países
europeus, o financiamento desse fundo por dívida comum "permitiria que
as economias europeias menos disciplinadas e mais fracas beneficiassem
indevidamente de um financiamento mais barato, graças às economias mais
fortes dos países do norte".Em
contrapartida, defendem que "os países envolvidos devem assumir um firme
compromisso de implementar reformas de longo alcance e de respeitar o
quadro orçamentário imposto”.A proposta
apresentada por estes quatro países europeus surge depois de a França e a
Alemanha terem apresentado, na segunda-feira passada, uma proposta de
um fundo de recuperação para a UE de 500 mil milhões de euros,
financiado por emissão de dívida pela Comissão Europeia e distribuído a
fundo perdido, através de subvenções, aos países e setores mais afetados
pela crise.A Comissão Europeia vai
apresentar na próxima quarta-feira a sua proposta para o fundo de
recuperação, assim como para o orçamento da UE para 2021-2027, propostas
que têm depois de ser aprovadas pelo Conselho Europeu, constituído
pelos chefes de Estado e de Governo dos 27 Estados-membros.O
fundo de recuperação, por muitos classificado como um novo 'Plano
Marshall' para a Europa, é considerado o grande instrumento da UE para
ultrapassar a crise da covid-19, que, segundo estimativas da Comissão
Europeia, provocará uma contração recorde de 7,7% do PIB da zona euro
este ano e de 7,4% no conjunto da União.