Presidente do Parlamento Europeu pede "passo em frente" sobre política migratória
27 de fev. de 2023, 12:03
— Lusa/AO Online
"A
tragédia na deixa-me com raiva e com o coração partido", escreveu no
Twitter, depois de "outro naufrágio ter ceifado a vida de bebés,
mulheres e homens".A presidente do
Parlamento Europeu sublinhou que “os Estados-membros devem agora dar um
passo em frente e encontrar o caminho a seguir”, porque “a UE precisa de
regras comuns e atualizadas” que lhe permitam “enfrentar os desafios
migratórios”."Existem planos sobre a mesa
para atualizar e reformar as regras europeias de asilo e migração. Os
Estados-membros não devem deixá-los lá. Podemos ser justos e humanos com
aqueles que precisam de proteção, duros com aqueles que não precisam e
fortes contra traficantes que exploram as pessoas mais vulneráveis",
destacou.Metsola refere-se à reforma da
política migratória e de asilo que os 27 aguardam há mais de dois anos
sem ter alcançado progressos substantivos num tema politicamente muito
sensível e que divide as capitais europeias.Os
Chefes de Estado e de Governo abordaram o debate sobre a migração na
cimeira de 10 de fevereiro e concordaram em tomar medidas para acelerar o
regresso dos migrantes irregulares e aumentar os fundos para a proteção
das fronteiras externas, depois de a Áustria e outros sete países
apelarem abertamente ao financiamento da construção de muros.Antes
de Metsola, também a presidente da Comissão Europeia apelou aos
Estados-membros para que "redobrem os esforços" para alcançar um acordo
sobre a política migratória."Estou
profundamente triste com o terrível naufrágio na costa da Calábria. A
perda de vidas de migrantes inocentes é uma tragédia", afirmou Ursula
von der Leyen, na rede social Twitter.“Devemos
todos redobrar esforços conjuntos no Pacto sobre Migração e Asilo e no
Plano de Ação para o Mediterrâneo Central”, acrescentou.Num
último balanço, as equipas de socorro italianas encontraram 45 corpos
de migrantes e 80 sobreviventes do naufrágio ocorrido hoje de madrugada
ao sul de Itália, mas receiam que possa haver mais vítimas mortais.Entre as vítimas encontram-se muitas crianças, incluindo um recém-nascido, e mulheres, segundo relatos dos socorristas.A
primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, expressou, num comunicado, o
seu “profundo pesar” pela tragédia e disse que era “criminoso colocar
um barco de 20 metros com 200 pessoas a bordo e uma previsão de mau
tempo” no mar.A incerteza quanto ao número
de vítimas deve-se a diferentes relatos dos sobreviventes quanto às
pessoas que viajavam no barco que naufragou ao amanhecer perto da cidade
italiana de Crotone, na Calábria (sul).O
número de passageiros adiantado por sobrevivente varia entre 150 e 250,
disseram elementos das equipas de socorro, admitindo haver dificuldades
de comunicação com os migrantes por causa da língua.A
imprensa italiana noticiou que os migrantes são do Iraque, Irão, Síria e
Afeganistão, depois de inicialmente também ter sido referida a presença
de paquistaneses.Segundo a guarda costeira, o barco partiu-se nas rochas a poucos metros da costa, numa altura em que o mar estava muito agitado.As
imagens da polícia italiana mostravam destroços de madeira espalhados
ao longo de uma centena de metros da praia, onde muitos socorristas e
sobreviventes estavam à espera de serem transferidos para um centro de
receção.Meloni disse que o Governo está
empenhado em evitar a partida de barcos em condições que resultem em
tragédias como a de hoje, e prometeu continuar a fazê-lo, “exigindo
sobretudo a maior colaboração dos Estados de partida e de origem”.Este
naufrágio ocorreu poucos dias depois de o parlamento ter aprovado novas
regras controversas sobre o resgate de migrantes, formuladas pelo
executivo dominado pela extrema-direita.Meloni,
líder do partido de extrema-direita Fratelli d'Italia (FDI), assumiu a
chefia de um governo de coligação em outubro de 2022, após prometer
reduzir o número de migrantes que chegavam a Itália. A
nova lei obriga os navios humanitários a efetuar apenas um salvamento
de cada vez, o que, segundo os críticos, aumenta o risco de morte no
Mediterrâneo central, que é considerado a travessia mais perigosa do
mundo para os migrantes.A localização
geográfica da Itália torna-a um destino privilegiado para os requerentes
de asilo que se deslocam do Norte de África para a Europa e Roma há
muito que se queixa do número de chegadas no seu território.Segundo
o Ministério do Interior, quase 14.000 migrantes desembarcaram em
Itália desde o início do ano, contra cerca de 5.200 durante o mesmo
período do ano passado e 4.200 em 2021.