Presidente do Paços deixa críticas e confirma protesto do jogo com Santa Clara
4 de fev. de 2020, 11:11
— Lusa/AO Online
Paulo
Meneses, que fez questão de ir ao aeroporto receber a comitiva que
regressava dos Açores, disse aos jornalistas que a intenção de protestar
o jogo surgiu no momento em que se aperceberam que "não estavam
reunidas as condições técnicas para a sua realização"."Dizer,
como a Liga disse, que estamos perante situações que não controlamos,
referindo-se às condições climatéricas e ao relvado, é faltar à verdade.
E mal o árbitro tomou a sua decisão [de não realizar o jogo], o Paços
de Ferreira comunicou logo a intenção de protestar o jogo", disse
Meneses.O presidente pacense deu conta da
disponibilidade dos responsáveis do clube nortenho em encontrar uma
alternativa, mas lamentou a solução tentada."Apesar
da boa vontade, chegámos a conclusão de que o material a aplicar [nas
marcações] nem sequer era alternativo, e, além de não regulamentar e
ilegal, é perigoso para a integridade física dos jogadores. Pior ainda
foi a tentativa de camuflar a situação com recurso a uma mentira,
dizendo que era uma cal morta, que terão conseguido colocar num saco
inviolado que dizia cal viva. Tudo isto é muito claro", acusou. Meneses
assegurou que "a equipa de arbitragem, perante este perigo real,
comunicou que se recusava a realizar o jogo naquelas condições",
acrescentando que "dizer algo que não isto é faltar à verdade" e, por
isso, "o clube visitado tem de assumir as suas responsabilidades"."Nem
quero crer que aquilo que se passou não possa estar relatado. Dizer que
o campo estava marcado duas horas antes quando os delegados chegaram e
às escuras conseguiam ver as marcações e com as luzes elas
desapareceram, é brincar com a situação", disse, lamentando, para além
dos prejuízos mensuráveis, a alteração ao ciclo de trabalho de uma
equipa que volta a jogar na sexta-feira.Além
do protesto, cujas custas processuais vão ascender "quase oito mil
euros", Paulo Meneses garantiu que será feita, também, uma participação
disciplinar por "coisas que se passaram no final do jogo na sequência de
declarações prestadas pelo Pedrinho", sem dar pormenores.Nesse
sentido, o Paços já solicitou ao Conselho de Disciplina da Liga os
relatórios da equipa de arbitragem, das forças policiais e dos delegados
ao jogo realizado no dia seguinte e que terminou com a vitória do Santa
Clara (2-1)."Se os responsáveis tiverem a
coragem política de assumir as suas responsabilidades e percebermos que
o regulamento não é para ficar na gaveta e sim para ser aplicado, não
tenho dúvidas nenhumas que, lendo textualmente o que diz, esta situação
implica, para além das multas, uma penalização clara. E isso tem que ver
com uma derrota da equipa responsável pela organização do jogo",
concluiu.A Liga Portuguesa de Futebol
Profissional (LPFP) disse que foram cumpridos os regulamentos em
torno do adiamento do Santa Clara-Paços de Ferreira (2-1), na sequência
de condições climatéricas que afetaram as marcações do terreno de jogo.Segundo
explicou a diretora executiva da LPFP Helena Pires à Lusa, o clima,
razão inicialmente alegada para o adiamento do encontro de sábado para
domingo, acabou por afetar “efetivamente as marcações”, que ficaram
“menos visíveis, o que levou a que a equipa de arbitragem não tivesse
validado o terreno de jogo”.“A partir
daqui, foram desencadeados mecanismos e procedimentos, com o acordo de
todos, dos delegados das equipas e da equipa de arbitragem, no sentido
de viabilizar a realização do jogo e a reposição das linhas”, aponta.Segundo
a dirigente, foram feitas “várias tentativas para repor as linhas”, com
condições climáticas adversas, e tudo o que se sucedeu, sustenta, foi
dentro “do acordo obtido entre todos os que lá estavam”.“As
condições climatéricas foram a verdadeira causa para que as linhas não
estivessem suficientemente visíveis. No dia seguinte [domingo], o que se
fez foi um trabalho exaustivo, com recurso a outro tipo de mecanismos,
como a colocação manual [das linhas], com pó. Levou a várias horas de
trabalho e recurso a um meio já não habitual”, considera.