Autor: Lusa/AO Online
"Gostaria de pedir ao Ministério do Interior que estudasse a possibilidade de instalar uma esquadra de polícia no interior do museu", declarou Laurence des Cars, perante a comissão de Cultura da câmara alta da Assembleia Nacional de França, na primeira intervenção pública desde domingo.
Momentos antes de falar ao Senado, a diretora sublinhou que o assalto é "uma ferida imensa" e garantiu que todos os alarmes funcionaram no momento do roubo.
"Este roubo fere a nossa instituição na sua missão mais profunda (...) não se trata de forma alguma de me esquivar ou de adotar uma posição de negação", acrescentou.
Relativamente a outras medidas de segurança, Des Cars, frisou que a "curto prazo" está previsto o reforço das "imediações do Louvre, nomeadamente a estrada".
"Estou a pensar, por exemplo, em dispositivos de controlo remoto" para evitar que "os veículos estacionem" junto ao museu, explicou.
Questionada pelos senadores sobre se as câmaras de videovigilância no interior do museu tinham funcionado no momento do assalto, a diretora disse que sim, mas admitiu que a videovigilância no exterior é um ponto fraco.
"É a nossa fraqueza", confessou.
"Não detetámos a chegada dos ladrões com antecedência suficiente", admitiu a diretora do Louvre.
Des Cars salientou que "os pontos fracos" da proteção do perímetro do edifício "são conhecidos e estão identificados".
Sobre medidas a longo prazo, a diretora referiu o "plano diretor do equipamento de segurança", com a duplicação do "número de câmaras na propriedade de 37 hectares do Louvre" e a modernização do "sistema de proteção vídeo e de deteção de intrusão".
A diretora do museu garantiu aos senadores que não houve "qualquer atraso" na aplicação deste plano.
"Não concordo com os pontos apresentados no relatório preliminar do Tribunal de Contas", afirmou.
O Tribunal de Contas francês, que analisou o período entre 2019 e 2024, mencionou um "atraso persistente" neste domínio.
O caso levou já o Presidente francês, Emmanuel Macron, a pedir o reforço da segurança do museu parisiense durante uma reunião do Conselho de Ministros.
O chefe de Estado francês declarou que "estavam a ser aplicadas medidas de segurança no Louvre e pediu que fossem aceleradas", referiu a porta-voz do Governo, Maude Bregeon, em conferência de imprensa.
O Museu do Louvre reabriu esta manhã (hora local) as portas aos visitantes depois de ter estado encerrado desde domingo, dia em que quatro assaltantes levaram oito joias, causando um prejuízo estimado em 88 milhões de euros.
O Louvre abriu às 09:00 (08:00 em Lisboa).
Entre os objetos roubados estão oito joias da antiga coroa francesa, incluindo a tiara da imperatriz Eugénia, do século XIX.
As autoridades confirmaram que quatro pessoas estiveram diretamente envolvidas no assalto e que poderão ter contado com "várias equipas de apoio".
A investigação, conduzida pela Jurisdição Especializada Inter-regional (Jirs) de Paris, está a mobilizar cerca de 100 investigadores.
No domingo, o grupo de assaltantes levou apenas alguns minutos para entrar na Galeria de Apolo num elevador de mercadorias, partir rapidamente duas das três vitrinas, instaladas no final de 2019 para guardar as joias, e fugir com as peças.
O elevador de
mercadorias estava no local devido a uma alegada operação de mudanças e
um funcionário da empresa prestadora do serviço foi ameaçado, mas não
sofreu violência física, precisou a procuradora de Paris.