Presidente do Infarmed diz que preço do medicamento é “substancialmente inferior”
Caso gémeas
25 de set. de 2024, 16:16
— Lusa/AO Online
“O
preço máximo do medicamento não são os dois milhões de euros que se tem
vindo a fazer referência. É um valor que eu posso dizer que é
substancialmente inferior a esse preço”, indicou Rui Santos Ivo, sem
revelar o valor real por motivos de confidencialidade.De
acordo com informações veiculadas desde o fim do ano passado, o
tratamento teria custado ao Estado quatro milhões de euros, dois milhões
por cada uma das duas gémeas.Numa audição
de quase três horas na comissão parlamentar de inquérito ao caso das
gémeas tratadas com o medicamento Zolgensma no Hospital de Santa Maria
em 2020, o responsável da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos
de Saúde recordou que “foram feitas as autorizações de utilização
excecional” do Zolgensma para o tratamento da atrofia muscular espinal
das crianças.“O Infarmed desencadeou
contactos com a empresa no sentido de encetar esta negociação, que só
poderia ser concluída depois, quando o medicamento tivesse a
autorização” de comercialização e quando fosse aprovado um programa de
acesso precoce, “no sentido de garantir que autorizações anteriores ao
contrato de financiamento, que ia ser celebrado, seriam abrangidas por
essas mesmas condições”, explicou, depois de ter sido questionado pela
deputada da Iniciativa Liberal Joana Cordeiro.De
acordo com Rui Santos Ivo, a negociação decorreu “à semelhança de
outros medicamentos”, mas o Zolgensma “era uma circunstância
completamente nova”, porque era “um medicamento de administração única,
que tinha um custo extremamente elevado”.Após
fazer o enquadramento ao então secretário de Estado da Saúde António
Lacerda Sales, o dirigente disse que procurou “negociar um preço
diferente” e um pagamento “com base nos resultados”.“Foi
realmente o que sucedeu. Nós, neste caso, temos um pagamento que é
feito no período de quatro anos, com o pagamento no início e depois em
função dos resultados”, anotou, acrescentando que houve 37 autorizações
para o Zolgensma.Ao deputado do PCP
Alfredo Maia, o presidente do Infarmed explicou que “qualidade,
segurança e eficácia” são os critérios de autorização dos medicamentos.“Esses
fatores foram todos ponderados para a nossa tomada de decisão e, à
semelhança do que foi feito noutras escolhas, nós fizemos uma avaliação
com rigor, portanto, considero que os nossos peritos são rigorosos e
competentes. Fizemos uma avaliação com rigor. A decisão que nós tomámos
foi uma decisão acertada”, salientou.Rui
Santos Ivo recordou ainda, em resposta ao centrista João Almeida, que
quando a informação foi veiculada por ‘email’, “em nada alterou o
procedimento que o Infarmed observa neste e noutras circunstâncias”.“Este processo seguiu os mesmos trâmites [que os outros]”, sublinhou.No
início da comissão, o presidente do Infarmed reiterou que os pedidos de
acesso ao medicamento administrado às gémeas luso-brasileiras “foram
avaliados em simultâneo” e não tiveram qualquer interferência externa,
após ‘email’ da Secretaria-Geral do Ministério da Saúde.