Presidente do grupo SATA diz que não há ilegalidades nas contas
7 de jun. de 2023, 07:16
— LUSA/AO online
No parlamento açoriano, Teresa Gonçalves
referiu que “historicamente, na empresa, sempre foram registados
impostos diferidos ativos sobre prejuízos fiscais”.A
CEO da companhia aérea açoriana salvaguardou que, contrariamente ao
passado, há duas questões relevantes que, em 2022, “determinaram que o
conselho de administração da SATA tivesse feito o registo nesse ano".
Uma deles refere-se a uma alteração da lei do Orçamento do Estado de
2023, que “coloca um fim à limitação temporal para reporte de prejuízos
fiscais”.“Outra questão relevante, e que
não existia no passado, é que a perspetiva de recuperação dos prejuízos
fiscais teve como base projeções de lucros futuros a gerar pelos
resultados fiscais no período de 2023 a 2025, tal como aprovado no plano
de reestruturação da Comissão Europeia”, acrescentou.Teresa Gonçalves foi chamada hoje à Comissão de Economia do parlamento regional, por iniciativa do BE/Açores.O
deputado bloquista António Lima afirmou recentemente que a “evolução
aparentemente positiva que se verifica nos resultados da SATA em 2022 se
explica pela utilização de engenharia financeira que melhorou
artificialmente os resultados, nomeadamente através da inscrição de
impostos diferidos como receitas”. “O
auditor [PWC] não discorda do registo de ativos por impostos diferidos,
sendo que a dúvida que existe é tão somente acerca do montante total,
que dependerá da evolução futura do negócio. E esta é a única questão
que é levantada, não é mais nenhuma”, afirmou Teresa Gonçalves. A
gestora referiu que foram apenas considerados impostos diferidos ativos
por prejuízos fiscais até ao limite de 15 anos, no caso da Azores
Airlines, e de 11 anos, no caso da SATA Air Açores. “Está-se a assumir
que se vai utilizar esses ativos nestes prazos”, declarou.Teresa
Gonçalves frisou que “as principais empresas europeias de aviação com
regras fiscais semelhantes ao grupo SATA também têm registado impostos
diferidos ativos por prejuízos fiscais, como é o caso da Lufthansa, do
grupo Ibéria, da Easyjet, Air France/KLM e TAP”.“Mal
seria um governo que permitisse às empresas, públicas ou privadas,
usarem este mecanismo e estas não o fizessem. As contas cumprem todas as
normas legais, como salientado pelo ROC [revisor oficial de contas] e
pelo auditor nos relatórios da SATA. Não existe qualquer ilegalidade nas
contas da SATA, mas sim uma diferença de julgamento contabilístico
relativamente à quantificação da recuperabilidade dos prejuízos
fiscais”, afirmou.Segundo a representante,
desde 2014 os relatórios do auditor e do ROC apresentam uma reserva
sobre o registo destes impostos relativos aos prejuízos fiscais.“Pelo
menos desde 2014 a 2019, a reserva do auditor e do ROC era objetiva
quanto à quantificação do que estava incorreto nas contas e concluía-se
que os resultados estavam sobreavaliados no montante exato do registo
total do imposto diferido ativo dos prejuízos fiscais”, explicou. O
deputado bloquista António Lima considerou, por seu turno, que “a
questão fundamental é que os resultados pioram em 2022” no grupo SATA,
salvaguardando que o assunto dos “impostos não foi considerado ilegítimo
por ninguém”, mas “poderá não ser prudente”.António
Lima considerou que “os resultados estão sobreavaliados, como diz o
auditor” e contrariamente ao que afirma a CEO da SATA, uma vez que,
“olhando para os números, não é isso que se vê”. O Ebitda (lucro operacional líquido, a par das depreciações e amortizações) “piorou em 2022”, acrescentou.