Presidente do Governo Regional diz que privatização da Azores Airlines pode ser uma “virtude”
8 de jun. de 2022, 10:37
— Lusa/AO Online
Em
conferência de imprensa realizada na sede da Presidência, em Ponta
Delgada, José Manuel Bolieiro confirmou que a Comissão Europeia colocou
como “exigência” a privatização até 51% do capital social da Azores
Airlines.“A região pode sempre manter os
49%. Nessa matéria, até por razões doutrinárias, o nosso entendimento é
que o capital social privado não é um problema. Pode ser uma virtude”,
declarou José Manuel Bolieiro, acompanhado pelos secretários regionais
da Mobilidade e Finanças e pelo presidente do grupo SATA, Luís
Rodrigues.O líder do Governo dos Açores
falava após ter sido conhecida a aprovação da Comissão Europeia de uma
ajuda estatal portuguesa para apoio à reestruturação da companhia aérea
SATA, de 453,25 milhões de euros em empréstimos e garantias estatais,
prevendo 'remédios' como uma reorganização da estrutura empresarial.Sobre
se existe a possibilidade de a participação da região ser inferior a
49% do capital social da Azores Airlines (responsável pelas ligações
entre os Açores e o exterior), o líder do executivo açoriano
(PSD/CDS-PP/PPM) disse estar “tudo em aberto e em progresso”.“Vamos
estudá-lo [o processo de privatização] e vamos fazê-lo com diálogo, com
concertação e na melhor defesa dos interesses da SATA, da região, dos
Açores e dos açorianos”, declarou, considerando que, nesta fase, as
questões sobre a alienação são “eventualmente intempestivas”.José
Manuel Bolieiro reiterou que “em caso algum vai existir um processo de
despedimento coletivo”, lembrando que tal foi definido pela
administração da empresa “desde a primeira hora” da elaboração do Plano
de Reestruturação.Na base da decisão,
justificou o presidente do governo, está a avaliação sobre a situação do
grupo SATA: “O problema não estava na despesa, mas sim na receita”.O
social-democrata enalteceu ainda a “paz social” que tem existido nas
negociações internas no grupo SATA para a redução de despesas.“A
SATA está proibida de envolver-se em negócios ruinosos. A região está
proibida de entrar com dinheiro dos contribuintes para pagar negócios
ruinosos”, acrescentou.José Manuel
Bolieiro rejeitou ainda que as ligações entre os Açores a diáspora na
América do Norte sejam afetadas pela proibição de a companhia realizar
rotas deficitárias.“Parece que estamos a
tomar decisões por via administrativa. É o negócio é que vai fundamentar
a opção das rotas. O negócio tem de ser rentável. E o nosso
compromisso, e o conhecimento que temos, é que na ligação com a diáspora
o negócio é sustentável”.A 'luz verde' anunciada surge depois de, em abril de 2021, Portugal ter
notificado a Comissão Europeia sobre a sua intenção de conceder uma
ajuda estatal para apoiar o plano de reestruturação da SATA para o
período 2021-2025.Estão em causa
compromissos "para assegurar uma implementação eficaz", como o
desinvestimento de uma participação de controlo (51%) na Azores
Airlines, o desdobramento da atividade de assistência em terra e uma
reorganização da estrutura empresarial da SATA, com a criação de uma
'holding' que substitui a SATA Air Açores no controlo das suas operações
subsidiárias.As dificuldades financeiras
da SATA perduram desde pelo menos 2014, altura em que a companhia aérea
detida na totalidade pelo Governo Regional dos Açores começou a registar
prejuízos, agravados pelos efeitos da pandemia de covid-19, que teve um
enorme impacto no setor da aviação.Em
junho de 2020 foi anunciado que o Governo dos Açores (então liderado
pelo PS) iria abandonar a segunda tentativa de privatização da Azores
Airlines, depois de um primeiro concurso ter sido anulado em novembro de
2018.