Presidente do Governo dos Açores recusa moção de confiança e ser "fator de instabilidade"
8 de mar. de 2023, 17:01
— Lusa/AO Online
“Não
há razão, pela parte do Governo, que é um referencial de estabilidade,
para ser um fator de instabilidade”, respondeu José Manuel Bolieiro aos
jornalistas, quando questionado sobre as declarações do presidente do
Chega, André Ventura, de que ia sugerir ao Governo açoriano que
apresentasse, no parlamento regional, uma moção de confiança ao
executivo.“Não fui causador de nenhum
problema que provoque instabilidade”, frisou o social-democrata José
Manuel Bolieiro, em declarações à comunicação social à margem do
plenário da Assembleia Legislativa Regional, que decorre na cidade da
Horta, na ilha do Faial. Bolieiro garantiu que será “sempre um referencial de estabilidade ao serviço dos açorianos”.“A
responsabilidade é de cada um e o juízo final é do povo”, disse,
referindo-se à decisão de Nuno Barata de por fim ao acordo de incidência
parlamentar feito com o PSD na sequência das eleições legislativas
regionais de 2020.O chefe de Governo
garantiu ainda que a coligação do PSD com o CDS-PP e o PPM “não
enfraquece uma liderança, pelo contrário, fortalece”. A
IL rompeu hoje o acordo de incidência parlamentar, assinalando que o
Governo dos Açores “não precisa de oposição externa”, pois tem “a maior
oposição” nos “parceiros de coligação”.O
presidente do Chega acusou a Iniciativa Liberal de irresponsabilidade
por ter rompido o acordo e propôs ao executivo a apresentação de uma
moção de confiança. “O Chega vai sugerir
ao Governo açoriano que, através do seu grupo nos Açores, que apresente
ao parlamento uma moção de confiança para que não haja dúvidas do apoio
parlamentar em relação ao executivo”, anunciou André Ventura, numa
declaração na Assembleia da República, em Lisboa.André
Ventura indicou que o deputado eleito pelo Chega que apoia o Governo
Regional votará a favor de uma moção de confiança, se for apresentada,
sustentando que o partido “estará do lado da estabilidade”.Os
deputados da Iniciativa Liberal e independente (ex-Chega) no parlamento
dos Açores romperam hoje os acordos assinados com os partidos do
Governo Regional após as eleições de 2020.A
coligação PSD, CDS-PP e PPM tem 26 deputados na assembleia legislativa e
conta agora apenas com o apoio parlamentar do deputado do Chega,
somando assim 27 lugares.Antes, com o
apoio do deputado independente e do eleito da Iniciativa Liberal, somava
29 mandatos, o que permitia ao executivo governar com maioria absoluta.A oposição conta agora com 30 deputados, quando antes tinha 28.A
Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados e, na
atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM,
dois do BE, um da Iniciativa Liberal, um do PAN, um do Chega e um
deputado independente (eleito pelo Chega e que, entretanto, se
desvinculou).A não aprovação de uma moção
de confiança ao Governo açoriano na assembleia legislativa implicaria a
demissão do executivo, segundo o Estatuto Político-Administrativo da
Região Autónoma dos Açores.De acordo com o
artigo 86.º daquele diploma, implicam a demissão do Governo Regional,
entre outras, a rejeição do Programa do Governo, a não aprovação de uma
moção de confiança e a aprovação de uma moção de censura.O
Governo Regional pode solicitar ao parlamento, por uma ou mais vezes, a
aprovação de uma moção de confiança sobre a sua atuação.Uma
moção de censura ao executivo tem de ser apresentada por um quarto dos
deputados em efetividade de funções ou qualquer grupo parlamentar.A
aprovação de uma moção de censura ou a rejeição de uma moção de
confiança carecem de maioria absoluta dos deputados em efetividade de
funções.