Presidente do Governo diz que Lei de Finanças Locais não pode penalizar autonomias
21 de jun. de 2024, 10:08
— AO Online/Lusa
“Eu creio que é justo o poder local, os órgãos
de governo próprio autonómicos, gerarem uma reflexão crítica
relativamente ao que deve ser o futuro da Lei das Finanças Locais,
porque tal como ela está concebida, ela é penalizadora, por
insuficiência de meios da distribuição da riqueza nacional, aos
municípios e às freguesias portuguesas, como também é penalizadora da
autonomia e do regime financeiro no quadro da Lei de Finanças das
Regiões Autónomas”, afirmou no 43.º aniversário da elevação a cidade da Praia da Vitória, na ilha Terceira.O
primeiro-ministro, Luís Montenegro, revelou, no sábado, que o Governo
iria apresentar uma nova Lei de Finanças Locais, para “atualizar” de
forma “transparente, previsível e justa” o quadro de recursos
financeiros para os municípios exercerem as novas competências em
matéria de descentralização.“Estamos
focados em poder apresentar, em diálogo com os municípios, uma nova Lei
de Finanças Locais que possa vir a atualizar este novo enquadramento e
dar de forma transparente, previsível e justa os recursos financeiros de
que os municípios precisam para exercer as competências que lhe foram
atribuídas”, afirmou Luís Montenegro, referindo-se à descentralização de
competências do Estado.O presidente do
executivo açoriano, do mesmo partido, lançou um “desafio para que a
revisão da Lei de Finanças Locais faça justiça ao poder local
português”, mas que seja também um regime financeiro “justo para as
regiões autónomas e que cumpra as referências constitucionais de
receitas próprias”.“Não pretendemos que a
responsabilidade do Estado, do financiamento ao poder local português,
seja feito à custa do regime financeiro e do quadro da Constituição
portuguesa relativamente às receitas próprias da Região Autónoma dos
Açores”, alertou.Segundo José Manuel
Bolieiro, a Lei de Finanças Locais atual contempla “um artifício para
retirar receitas próprias à Região Autónoma dos Açores”, “com a criação e
indexação da taxa variável do IRS ou do IVA turístico”, que descreveu
como “dois elementos de usurpação de receita própria da região”.“Sinalizo
hoje um grito de defesa da autonomia, no que diz respeito ao garrote
financeiro que, por via, de forma enviesada, da Lei de Finanças Locais,
se vai impondo ao regime financeiro das Regiões Autónomas”, vincou.Só
no orçamento da região para 2024, o executivo açoriano tem prevista uma
verba de 6 milhões de euros para pagar uma dívida aos municípios
açorianos referente ao IVA turístico, o que, segundo o presidente do
governo, “penaliza o investimento regional”.A
presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória (PSD/CDS), Vânia
Ferreira, disse que a vocação marítima e atlântica da cidade continua
por cumprir, recordando que já na cerimónia de 2023 tinha alertado para a
necessidade urgente de construção de um cais multiúsos no porto da
cidade.“Trata-se de uma medida
estruturante para a dinamização empresarial local e do grupo central
[dos Açores]. Continuamos e continuaremos a reivindicar esta obra
estruturante. Continuamos e continuaremos a falar nela sempre que
necessário. Continuamos e continuaremos a defender a sua concretização”,
frisou.O presidente do executivo açoriano
considerou “adequada a reivindicação” e “oportuna a avaliação de um
calendário dos meios necessários”, destacando a “importância estratégica
da economia azul” na região.“A resposta é
positiva, até porque a reivindicação é justa e até porque há já uma
capacidade instalada que precisa, sobretudo, de, potenciada, poder ser
concretizadora de melhor e mais investimento de aperfeiçoamento à
capacidade instalada e também em encontrar novos desígnios para o
retorno na qualidade de vida, no progresso e desenvolvimento da
atividade económica na Praia da Vitória”, apontou.