Presidente do Comité das Regiões considera Portugal bom exemplo na integração de poderes locais
25 de mai. de 2023, 18:25
— Lusa
Em
declarações aos jornalistas portugueses que acompanham, em Bruxelas, a
155.ª sessão plenária do Comité das Regiões, que termina hoje, Vasco
Cordeiro - o primeiro português a presidir a este órgão da União
Europeia (UE) - analisou a forma como os níveis de poder local e
regional estão integrados nas políticas europeias.“Há
situações na Europa verdadeiramente desafiantes de integração do poder
local e regional. Não é, de todo, o caso do nosso país”, disse quando
confrontado com apelos e críticas que se foram ouvindo ao longo da
sessão por parte de autarcas e responsáveis regionais sobre a atribuição
de fundos.O socialista Vasco Cordeiro,
que foi presidente do Governo Regional dos Açores, disse que, usando a
sua experiência como exemplo e analisando em concreto o que diz respeito
ao Plano de Recuperação e Resiliência, Portugal é um bom exemplo.“E na operacionalização dos quadros financeiros plurianuais, a avaliação é positiva”, acrescentou.Já
sem particularizar sobre Portugal, Vasco Cordeiro recordou que a
questão da atribuição dos fundos “não é direta” porque há, disse,
“decisões que são tomadas pelos Estados-membros e que dependem da
vontade dos Estados-membros”.“A questão não depende só das decisões das instituições europeias”, sublinhou.Frisando
sempre a ideia de que o poder local e regional está “na linha da
frente”, o presidente do Comité das Regiões admitiu que convencer as
instituições europeias disso não é difícil, mas é, disse, "um ‘work in
progress’ [expressão inglesa para “trabalho em progresso”]".“Cada
vez mais há a consciência de que o nível de poder local e regional é
absolutamente determinante para fazer com que a Europa aconteça. Não são
os únicos, mas são essenciais. Há muitos objetivos da UE, nos quais o
poder local e regional está na linha da frente”, disse.O
papel que os municípios e as regiões tiveram na pandemia da covid-19 ou
estão a ter no acolhimento a refugiados fruto da guerra da Ucrânia
foram dois dos exemplos descritos por Vasco Cordeiro.Num
dia em que um dos debates da sessão plenária do Comité das Regiões foi
dedicado ao desemprego de longa duração, Vasco Cordeiro também defendeu
que os municípios e as regiões podem ter um papel para atenuar ou
combater esta problemática.Em jeito de
balanço sobre temas analisados e discutidos na quarta-feira, como a
revisão intercalar do orçamento da União Europeia (UE), Vasco Cordeiro
disse que “um dos desafios que as cidades e as regiões enfrentam tem a
ver com o futuro da política de coesão no período pós-2027”.O
Comité das Regiões, constituído por 329 membros, é a assembleia da UE
dos representantes regionais e locais dos 27 Estados-membros.A
missão consiste em fazer participar os órgãos de poder regional e local
no processo decisório da UE e informá-los sobre as políticas da União
Europeia.O Parlamento Europeu, o Conselho e
a Comissão Europeia consultam o Comité das Regiões em domínios de
política que digam respeito às regiões e aos municípios.