Gestor diz que os CTT têm um 'problema sério nos Açores' devido aos transportes aéreos
31 de jan. de 2018, 15:13
— Lusa/Miguel Bettencourt Mota
O gestor
que foi ouvido na comissão parlamentar de
Economia, Inovação e Obras Públicas, no âmbito de um requerimento do PS
sobre a situação da empresa, que anunciou em dezembro um plano de
reestruturação,
afirmou ainda que é "vontade" dos Correios de Portugal
"continuar a ser prestador do serviço público" postal e reiterou que a
empresa não está a fazer despedimentos. "É
nossa vontade continuar a ser prestador de serviço público" postal,
afirmou Francisco de Lacerda, ."Obviamente
que sinto a responsabilidade de cumprir o serviço universal e sinto a
responsabilidade para que a empresa tenha condições para ser
sustentável, para assegurar os postos de trabalho como deve ser e
remunerar adequadamente", continuou o gestor, que adiantou que os CTT
têm "por tradição" interagir com os autarcas quando procedem a
encerramento de lojas e abertura de postos."Continua
a ser uma prática", garantiu, embora admitindo alguma "descoordenação"
no início do ano, quando foi anunciado o encerramento de 22 lojas no
país."Intensificar essa comunicação é uma das tarefas claras", acrescentou."A
nossa ambição é ter uma boa qualidade" e população com serviço
assegurado, disse Francisco de Lacerda, que recordou que os CTT estão
presentes em "2.361 sítios pelo país todo", quer através de lojas, quer
através de postos.O
presidente executivo dos CTT apontou algumas vantagens relativamente
aos postos, que muitas vezes "têm horário mais alargado" do que as lojas
dos Correios de Portugal, estando inclusivamente abertos nos sábados de
manhã.Deu ainda o exemplo em que há sítios em que encerrou uma loja dos CTT e, em sua substituição, abriram dois postos."Somos o operador da última milha ['last mile'], não estamos a fazer nada para deixar de ser", disse.Recordou que a empresa está cotada em bolsa, pelo que tem de falar com o mercado de capitais de "forma aberta"."Sabemos que estamos sujeitos a vários tipos de escrutínio", apontou.Francisco
de Lacerda reiterou que o grupo não está a despedir: "Não estamos a
fazer despedimentos", garantiu, salientando que das 800 pessoas que o
grupo pretende até 2020, cerca de metade será por razões naturais."Por
ano saem cerca de 150 pessoas" dos CTT por razões naturais, o que dá
cerca de "450 pessoas em três anos", o que representa mais de metade dos
800 postos que se estimam reduzir num grupo que tem um universo de
12.000, argumentou.Em
dezembro passado, os CTT divulgaram um Plano de Transformação
Operacional, que prevê a redução de cerca de 800 trabalhadores na área
das operações ao longo de três anos, de um total de 6.700, dos quais
6.200 efetivos e perto de 500 contratados a termo. No
final de setembro do ano passado, o grupo CTT contava com 12.843
trabalhadores, enquanto no final de dezembro de 2013 - altura em que a
empresa foi privatizada, entrando em bolsa - contabilizava 12.383, ou
seja, mais 3,7% (mais 460 trabalhadores em quatro anos).Sobre
rescisões, o presidente executivo admitiu que, "de facto, há alturas em
que é preciso reduzir o número de pessoas numa organização" tendo em
vista a sua sustentabilidade.Questionado
sobre o futuro das estações dos CTT e se pretende proceder a
encerramentos, Francisco de Lacerda disse que não iria dar uma resposta:
"Em cada momento analisamos e decidimos".Sobre que o faz às estações dos CTT que encerram, o responsável afirmou: "Quando são nossas, vendemos".Francisco
de Lacerda adiantou que os CTT vão abrir uma estação "muito perto" do
hospital São João, no Porto, ao mesmo tempo que encerram "algumas" lojas
à volta. Relativamente
aos indicadores de qualidade propostos pela Autoridade Nacional de
Comunicações, Francisco de Lacerda disse que a empresa ainda está a
analisar.Os
CTT estão em "conversações" com a Associação Nacional de Freguesias
(ANAFRE) sobre os montantes a pagar às juntas quando estas assumem os
postos dos Correios.Os postos de Correios podem ser geridos por particulares ou pelas juntas de freguesia.