Presidente da Saudaçor defende vantagens da centralização das dívidas dos hospitais dos Açores
26 de jun. de 2018, 07:54
— Lusa/AO Online
“Foram
reestruturados financiamentos, nomeadamente em termos de alargamento de
prazos, melhores ‘spreads’ e obtenção de aval nalgumas operações onde
não havia, e as contas de 2016 evidenciam uma redução de gastos
financeiros de 7 milhões, o que permitiu libertar esta verba para
hospitais e unidades de saúde de ilha”, adiantou, em declarações aos
jornalistas.Luísa
Melo Alves falava à margem de uma audição na Comissão Eventual de
Inquérito ao Setor Público Empresarial Regional e Associações Sem Fins
Lucrativos do Parlamento açoriano, que demorou cerca de três horas, em
Angra do Heroísmo.No
final de 2017, a dívida da Saudaçor rondava os 647 milhões de euros, o
que segundo a presidente do conselho de administração se justifica pela
transformação da dívida comercial vencida dos hospitais em dívida
financeira, com o objetivo de ser “negociada com condições centralizadas
pela Saudaçor”.“Todos
os anos a Saudaçor tem vindo a recorrer à banca no sentido de que temos
vindo sempre a reestruturar os financiamentos existentes, a maior parte
em que não há aumento de capital em dívida”, salientou, alegando que em
2018 foi possível reduzir o ‘spread’ de 4,4% para 1,7%, o que permitirá
uma poupança na ordem dos “1,8 milhões de euros”.O
deputado Carlos Silva, do PS, perguntou pelas mais-valias da
centralização da dívida e sobre a sua evolução, mas o deputado Artur
Lima, do CDS-PP, defendeu que a Saudaçor foi criada para “pagar a dívida
dos hospitais e transformar o Sistema Regional de Saúde numa coisa
gerível”. Também
o deputado António Vasco Viveiros, do PSD, perguntou se a empresa
pública foi utilizada como um “instrumento financeiro” para assumir o
passivo de “instituições subfinanciadas”, enquanto o deputado Paulo
Mendes, do BE, perguntou se um dos objetivos da criação da Saudaçor foi a
possibilidade de a dívida dos hospitais deixar de ser direta, apesar de
continuar a integrar o perímetro consolidado da dívida da região.Luísa
Melo Alves destacou ainda o papel da Saudaçor na criação de uma central
de compras de medicamentos para as unidades de saúde da região,
alegando que entre 2010 e 2017 foram obtidas “poupanças estimadas de 13
milhões de euros”.Entre
as principais críticas ao desempenho da empresa pública, esteve o
processo de informatização das unidades de saúde da região, que decorre
há mais de uma década e previa o acesso a informação única a partir de
qualquer centro de saúde e hospital.Segundo
a presidente do conselho de administração, inicialmente estava prevista
a aquisição de um sistema próprio, mas entretanto a empresa optou pela
melhoria dos sistemas existentes, sendo já possível aceder a uma
informação única nos centros de saúde, mas não nos hospitais.O
deputado do CDS-PP questionou ainda Luísa Melo Alves sobre a aquisição
de serviços de benchmarking (análise comparativa), num investimento de
cerca de 200 mil euros, em quatro anos, mas a gestora realçou as suas
vantagens.“Nesta
fase, é a única ferramenta que nos dá informação uniformizada para os
hospitais, com o mesmo bilhete de identidade para cada indicador, com o
mesmo modo de ir à fonte e ler os dados que foram codificados pelos
médicos no âmbito de toda a sua atividade”, frisou, acrescentando que
foi o hospital de Ponta Delgada que recorreu primeiro a estes serviços
nos Açores.Esta
foi a primeira audição da Comissão Eventual de Inquérito ao Setor
Público Empresarial Regional e Associações Sem Fins Lucrativos,
requerida por CDS-PP, PSD e PPM e criada em fevereiro de 2018.A Saudaçor é uma das empresas que o Governo Regional pretende extinguir até 2019.Questionada
pelo deputado do PPM, Paulo Estêvão, sobre o processo de extinção e
sobre os pareceres dados pela empresa, a presidente do conselho de
administração disse que haverá internalização das funções, dos
trabalhadores e da dívida, acrescentando que o processo será liderado
pelo Governo Regional e que não foram pedidos pareceres à Saudaçor,
apesar de essa possibilidade ter sido anteriormente debatida.