Presidente da SATA diz que não vale a pena reforçar voos para os Açores sem promoção
25 de fev. de 2022, 16:35
— Lusa/AO Online
“Enquanto não
fizermos o esforço de promover o destino e de o organizar para que as
pessoas vão lá e tenham uma boa experiência, não vale a pena enfiar
aviões a toda a hora porque os aviões vão vazios”, afirmou, numa audição
na Comissão de Economia da Assembleia Legislativa dos Açores.Luís
Rodrigues foi ouvido a propósito de um projeto de resolução apresentado
por PSD, CDS-PP e PPM (partidos que integram a coligação de governo),
que recomenda ao executivo açoriano que promova o aeroporto das Lajes,
na ilha Terceira, “enquanto porta de entrada de fluxos turísticos nos
Açores, sejam nacionais ou internacionais”.Recomenda
ainda que o Governo Regional diligencie, “em estreita articulação” com a
ATA e com a CCAH “campanhas de promoção turística que potenciem e
incentivem a captação de ligações aéreas internacionais para a ilha
Terceira”.Para o presidente da SATA, mais do que apostar na promoção do aeroporto, é preciso apostar na promoção do destino.“Não
posso obrigar as pessoas a irem para a ilha Terceira se elas não
quiserem e se não conhecerem a ilha. Fora daqui, ninguém ouviu falar na
ilha Terceira”, avançou, em resposta ao deputado do PSD Rui Espínola.Segundo
Luís Rodrigues, em 2019, a taxa de ocupação da SATA nas ligações para a
ilha Terceira “foi de 67,7%”, tendo havido “cerca de 20 mil lugares
vazios”.Questionado sobre as rotas da ilha
Terceira para Nova Iorque, Oakland (Estados Unidos) e Montreal
(Canadá), asseguradas pela SATA, o administrador da companhia garantiu
que todas têm “viabilidade económica” e uma margem de
contribuição total de “430 mil euros”.Luís
Rodrigues alegou que foi possível alcançar estes valores, porque a SATA
melhorou a sua capacidade de venda, encontrou parceiros que “garantem
um valor significativo da ocupação” e reduziu os custos da operação.“Fizemos
um trabalho profundo de análise económico-financeira de cada uma delas e
de mercado”, frisou, acrescentando que o processo de reestruturação da
companhia não permitia que essas rotas fossem realizadas de outra forma.Para
o presidente da SATA, “comprar” ligações áreas é uma solução “rápida,
mas cara” e “pouco eficaz”, porque cria uma “elevada dependência” e
“atrai turistas de menor valor”.Por isso,
apelou a que as associações de turismo e o Governo Regional trabalhem em
conjunto, e em parceria com o Turismo de Portugal, “na organização e
promoção do destino”.Quando o destino
começar a ser conhecido, será mais fácil, segundo Luís Rodrigues,
estender as operações “para fora da época alta”.“Se
a SATA fosse uma companhia 100% privada”, o administrador admitiu que
as ligações do exterior pudessem estar concentradas numa única porta de
entrada no arquipélago, mas sendo detida pela Região Autónoma dos Açores
considerou “perfeitamente legítimo e saudável” que haja uma
“distribuição do tráfego pelas outras ilhas diretamente pela Azores
Airlines”.“Enquanto o Governo Regional for
acionista no todo ou em parte da Azores Airlines deve procurar sempre
que essa distribuição seja feita, em vez de concentrar-se numa única
plataforma giratória”, defendeu, alegando que a SATA Air Açores, que
assegura as ligações interilhas, “não teria capacidade para processar o
tráfego”.