Presidente da SATA diz que já há interessados na privatização da Azores Airlines
22 de dez. de 2022, 14:29
— Lusa/AO Online
“Já
tivemos meia dúzia de manifestações de interesse, mas só depois de o
caderno de encargos estar pronto é que terão de falar com quem de
direito [o acionista Governo Regional], e definirem se o interesse é
material ou não”, explicou o administrador da do grupo SATA, ouvido
na comissão da economia do parlamento açoriano.Luís
Rodrigues, que foi indigitado pelo executivo de coligação
(PSD/CDS-PP/PPM) para continuar a gerir os destinos da companhia aérea
açoriana, adiantou ser provável que apareçam ainda mais interessados na
aquisição de, pelo menos, 51% da Azores Airlines, embora a expetativa
seja que só “dois ou três” apresentem propostas.“Acredito
que, por aquilo que conheço, haja dois ou três que concretizem e que
tenham interesse em dar continuidade ao processo”, disse.O
presidente da transportadora aérea regional lembrou que,
financeiramente, a SATA “está melhor agora” do que quando o anterior
executivo socialista lançou o primeiro concurso para a privatização da
Azores Airlines (que não se concretizou) e adiantou que os resultados
operacionais, relativos a 2022 “serão melhores” do que no ano anterior.Luís
Rodrigues garantiu também que a SATA não terá necessidade de recorrer à
banca, a partir de agora, e que a empresa deverá tornar-se
“autossustentável”, depois do processo de privatização da Azores
Airlines estar concluído.“A companhia deve ficar autossustentável a partir de 2023”, frisou.O
processo de reestruturação da SATA, que está a ser acompanhado pela
Comissão Europeia, prevê que, além da privatização parcial da Azores
Airlines, a companhia aliene também a SATA Handling, que se dedica ao
transporte de bagagem dos passageiros da SATA, mas o administrador não
está ainda convencido dessa necessidade.“Neste
momento, diria que seria mais razoável a SATA assumir que faz o seu
próprio ‘handling’, e ficar com os seus próprios trabalhadores”,
defendeu, em resposta a uma questão levantada pelos deputados,
preocupados com o futuro dos cerca de 400 trabalhadores daquela empresa.Os
parlamentares quiseram também saber se a SATA irá concorrer às
obrigações de serviço público nas ligações aéreas entre os Açores e o
continente, que atualmente dão prejuízo (Lisboa/Santa Maria,
Lisboa/Pico, Lisboa/Horta e Funchal/Ponta Delgada) e serão financiadas,
em 2023, pelo Estado em cerca de nove milhões de euros.“Diria
que deve ficar no caderno de encargos que a SATA, na sua nova estrutura
acionista, tenha sempre de apresentar uma proposta”, respondeu o
administrador, adiantando que, se a transportadora regional “perder” o
concurso “não vem mal nenhum ao mundo”, porque significa que “alguém
estará a fazer a mobilidade dessas ‘gateways’”, o que é “o mais
importante de tudo”.Os deputados
questionaram também Luís Rodrigues sobre os resultados operacionais de
algumas rotas que a Azores Airlines está a realizar, nomeadamente para
Nova Iorque, Boston e Paris, que alegadamente têm tido pouca procura,
mas o administrador entende que “há rotas que levam algum tempo a
consolidar” e adiantou que a operação em Nova Iorque poderá render muito
dinheiro.“Tivemos a notícia de que nos
foram atribuídos os ‘slots’ [lugares de estacionamento de aviões] em
Nova Iorque, nomeadamente no Aeroporto J.F. Kennedy, para uma operação
diária em 2023 e, se tudo correr bem, esses ‘slots’ passarão a adquirir
um caráter histórico”, explicou Luís Rodrigues, adiantando que “só esses
slots podem valer mais do que toda a companhia”.O
administrador da SATA, que foi nomeado, pela primeira vez, pelo
anterior executivo socialista, foi reconduzido agora pelo atual
executivo de direita, e foi ouvido no parlamento na sequência da
imposição do estatuto do gestor público regional, que obriga os
administradores indigitados a prestarem depoimento junto dos deputados.