Presidente da SATA desvaloriza prejuízos de 44 ME no primeiro semestre de 2021
10 de nov. de 2021, 20:42
— Lusa/AO Online
“As perspetivas neste momento para
2022 são extremamente positivas. [São] de continuar a crescer,
se não houver nenhum imponderável, de pandemia, de combustível. Os
resultados são promissores, assim consigamos continuar o trabalho
que tem sido feito”, declarou aos jornalistas, na delegação do
parlamento açoriano em Ponta Delgada.
O presidente do grupo SATA falava à
comunicação social após uma sessão de esclarecimento sobre a
situação da companhia, à porta fechada, ao presidente do Governo
dos Açores, José Manuel Bolieiro, e aos líderes parlamentares das
forças representadas na Assembleia Regional.
Segundo as Demonstrações Financeiras
do Setor Público Empresarial Regional, a que a Lusa teve acesso, o
grupo SATA fechou o primeiro semestre do ano com um prejuízo de 44
milhões de euros.
Os resultados demonstram que, entre as
empresas do grupo, a Azores Airlines registou cerca de 45 milhões de
prejuízo (mais 11 milhões do que no ano passado), enquanto a SATA
aeródromos teve um lucro de 281 mil euros e a SATA Air Açores um
saldo positivo 528 mil euros.
O presidente da SATA desvalorizou os
resultados negativos do grupo no primeiro semestre, justificando o
prejuízo obtido com a pandemia da Covid-19.
“Todas as companhias do mundo no
primeiro semestre deram prejuízo. A pandemia acabou no primeiro
semestre de 2021, não vale a pena fugir a essa questão. Milagre
seria - e milagres não existem - se a companhia tivesse dado lucro”,
afirmou.
Luís Rodrigues realçou que, nos
últimos seis meses, as companhias do grupo tiveram um resultado
positivo “antes dos impostos, amortizações e juros”.
“A operação está a contribuir com
capital para toda a atividade e isso é muito saudável”, realçou.
O presidente da companhia pública
regional destacou também que o número de passageiros transportados
pela SATA no final de 2021 é o “mesmo” do que o registado num
período pré-pandemia de Covid-19.
“A SATA tem uma recuperação de
tráfego. Deve ser a única no mundo, neste momento. Estamos a
transportar, neste trimestre de final de 2021, o mesmo número de
passageiros de 2019, quando comparado o resto da Europa está a voar
menos 40%”, afirmou.
O Plano de Reestruturação do grupo
SATA, que em 2020 registou um prejuízo de 88 milhões de euros, está
a ser negociado junto da Comissão Europeia.
Luís Rodrigues considerou que o
período negocial não representa “problema nenhum”, uma vez que
a administração já está a executar o Plano “desde o primeiro
dia”.
“Não estamos dependentes da
aprovação do plano para o continuar a executar. É isso que tem
acontecido desde o primeiro dia. A única coisa que acontece é que
quanto mais tempo demorar mais juros vamos pagar e isso é uma dívida
que ninguém gostaria de ter”, afirmou.
O presidente da companhia disse ainda
acreditar que a Comissão Europeia vai aprovar o Plano de
Restruturação até ao final do ano.
O plano de reestruturação da SATA,
apresentado em fevereiro, foi enviado para Bruxelas em abril e prevê
que a companhia volte a ter lucros em 2023, com poupanças na casa
dos 68 milhões de euros até 2025.
A Comissão Europeia autorizou, em
2020, um auxílio de emergência de 133 milhões de euros, tendo
autorizado mais tarde um novo apoio no valor de 122,5 milhões de
euros.
As dificuldades financeiras da SATA
perduram desde, pelo menos, 2014, altura em que a companhia aérea
detida na totalidade pelo Governo Regional dos Açores começou a
registar prejuízos, entretanto agravados pela pandemia de Covid-19.