Presidente da República vai receber lesados para "ver o que é possível fazer"
BES
22 de mar. de 2019, 18:56
— Lusa/AO Online
“Vou
recebê-los. Tratam-se daqueles lesados que não aceitaram o acordo.
Houve um grupo que discordou da maioria dos lesados e quer encontrar uma
solução diferente que a encontrada”, explicou Marcelo Rebelo de Sousa,
em declarações aos jornalistas no final da cerimónia do 108.º
aniversário da Universidade do Porto.O
chefe de Estado, que entrou no edifício da Universidade do Porto ao som
dos gritos do grupo de lesados, afirmou que vai “ver o que é possível
fazer” quanto às suas aspirações. O
Presidente da República foi hoje recebido no Porto pelo protesto de
bolseiros da Universidade do Porto, uma carta de precários da Lusa e
ânimos muito exaltados de lesados do BES/Novo Banco.Marcelo
Rebelo de Sousa estava a entrar no edifício da Reitoria da Universidade
do Porto, e já tinha prometido aos lesados que os receberia “em Belém”,
quando o grupo de cerca de dez pessoas se agitou, empurrando a
comitiva, esbracejando e gritando “Ladrões”, “Prisão” e “Basta de me
manter calado”.“Roubaram o meu dinheiro”,
“Gatunos”, “Prisão imediata para esse ladrões” e “Quero o meu dinheiro”
foram outras das palavras dos lesados do BES/Novo Banco, visivelmente
nervosos, à entrada do chefe de Estado no edifício.O
Grupo de Lesados do BES/Novo Banco considerou na quarta-feira que a
decisão do Tribunal Administrativo de Lisboa, que deu razão ao Banco de
Portugal (BdP) na resolução do antigo BES, “é uma má decisão”. António
Silva, um dos líderes do movimento, garantiu à Lusa, no decurso de uma
manifestação no Porto, que “o BES não precisava de ter tido aquela
intervenção”, realçando ainda que o grupo “não se sente fragilizado”
pela decisão. A sentença do Tribunal
Administrativo de Lisboa, a que a Lusa teve acesso, foi noticiada pelo
Expresso no fim de semana e significa a primeira vitória do banco
central, imerso em 400 processos que contestam as medidas tomadas na
resolução do BES, uma vez que considera que a decisão do BdP de 03 de
agosto de 2014 foi legal e constitucional. A decisão daquele tribunal é, contudo, passível de recurso.Durante uma manifestação hoje em frente ao Palácio de Cristal, o Grupo de Lesados prometeu não desistir. “O
BdP tem obrigação de proteger os depositantes e dar informação ao
mercado”, disse António Silva, que atribui muitas das culpas da situação
atual dos lesados ao regulador. “Tinha obrigação de ver se as aplicações estavam credenciadas para serem vendidas ao público”, salientou. António
Silva recordou ainda que nos últimos dias têm sido conhecidos bens que
estavam na esfera do grupo e que poderiam ser usados para devolver o
dinheiro que estes investidores perderam, sobretudo em papel comercial. Este
grupo, que tem feito cerca de três protestos por semana, juntou-se a
alguns “coletes amarelos” e ao grupo “Portugal Gente que exige Justiça”
para levar a cabo a contestação, marcada no local onde estava a ocorrer
uma reunião de elementos do PS. No local, cruzaram-se outros protestos,
pelo direito à reforma antecipada ou por melhores condições de trabalho
nas empresas.Cerca de 34 mil particulares e
entidades públicas e privadas apresentaram reclamações de créditos
junto da comissão liquidatária do BES, disse fonte conhecedora do
processo à Lusa. O prazo para as reclamações acabou no dia 08 de março.Depois
das reclamações de créditos apresentadas, nas próximas semanas deverá
ser conhecida a listagem de créditos reconhecidos e não reconhecidos
pela comissão liquidatária do BES.O BES,
tal como era conhecido, acabou em agosto de 2014, deixando milhares de
pessoas lesadas devido a investimentos feitos no banco ou em empresas do
Grupo Espírito Santo.