Presidente da República promete retirar ilações do caso Galamba mas manter estabilidade política
4 de mai. de 2023, 19:06
— Lusa/AO Online
"Os portugueses dispensam esses sobressaltos", disse Marcelo Rebelo de
Sousa, afirmando que estará "mais atentoe interveniente" quanto à
responsabilidade daqueles que mandam.
O Presidente da República considerou que João Galamba deveria
ter-se responsabilizado também pela conduta do seu ex-adjunto Frederico
Pinheiro e que a sua manutenção como ministro tem custos para a
autoridade não só do Governo como do Estado.O
chefe de Estado dedicou a primeira parte da sua intervenção, que durou
cerca de dez minutos, a explicar por que defendeu – e manifestou
publicamente essa oposição, numa nota escrita – que João Galamba deveria
ter sido afastado de funções pelo primeiro-ministro.Marcelo
Rebelo de Sousa considerou insuficiente que o primeiro-ministro se
tenha desculpado pelo incidente ocorrido nas instalações do Ministério
das Infraestruturas com o ex-adjunto do ministro: "Não se resolve apenas
pedindo desculpa pelo sucedido. Responsabilidade é mais do que pedir
desculpa, virar a página e esquecer. É pagar por aquilo que se faz ou se
deixou de fazer"."É uma realidade
objetiva, implica olhar para os custos objetivos daquilo que aconteceu:
na credibilidade, na confiabilidade, na autoridade do ministro, do
Governo e do Estado", defendeu.O
Presidente da República argumentou que "onde não há responsabilidade, na
política como na administração, não há autoridade, respeito, confiança,
credibilidade" e que "um governante sabe que ao aceitar sê-lo aceita
ser responsável por aquilo que faz e não faz, e também por aquilo que
fazem ou não fazem aqueles que escolhe, e nos quais é suposto mandar"."Como
pode um ministro não ser responsável por um colaborador que escolhera
manter na sua equipa mais próxima, no seu gabinete, acompanhar, ainda
que para efeitos de informação, um dossiê tão sensível como o da TAP,
onde os portugueses já meteram milhões de euros, e a merecer tanta
confiança que podia assistir a reuniões privadas, preparando outras
reuniões, essas públicas, na Assembleia da República?", interrogou.Marcelo
Rebelo de Sousa perguntou ainda "como pode esse ministro não ser
responsável por situações rocambolescas, muito bizarras, inadmissíveis
ou deploráveis – as palavras não são minhas – suscitadas por esse
colaborador, levando a apelar aos serviços mais sensíveis da segurança
nacional, que, aliás, por definição, estão ao serviço do Estado e não de
governos?"."Como pode esse ministro não
ser responsável por argumentar em público sobre aquilo que afirmara o
seu subordinado, relevando pormenores do funcionamento interno e
incluindo referências a outros membros do Governo?", questionou ainda.