Presidente da Liga dos Bombeiros garante que socorro às populações não está em causa

9 de dez. de 2018, 21:23 — Lusa/Ao online

"Quem é irresponsável é o senhor ministro porque está a levantar o pânico e sabe que isso não é verdade, sabe que o socorro não está minimamente em causa”, declarou à Lusa Marta Soares, depois de o ministro da Administração Interna acusar a Liga de “irresponsabilidade” devido à decisão da organização de os bombeiros deixarem de comunicar ocorrências à Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), em protesto contra os diplomas sobre as estruturas de comando aprovados pelo Governo.Eduardo Cabrita convocou uma conferência de imprensa para criticar a atuação dos bombeiros e disse que a decisão compromete a coordenação de meios e pode pôr em causa a segurança das pessoas, o que o presidente da Liga rejeita.“Se veio dizer isso para a opinião publica está a mentir. (…) essa questão não põe minimamente em causa, em circunstância, alguma o socorro às populações como sempre fizemos. A diferença é não dar a conhecer aos CDOS (Comandos Distritais de Operações de Socorro) as nossas prestações de socorro para demonstrar que somos capazes de desenvolver o socorro sem a proteção civil, atendendo a que o ministro não respeita o seu principal parceiro que são os bombeiros”, argumentou Marta Soares.“Somos responsáveis por 98% do socorro em Portugal e em relação aos incêndios florestais, que são só 7% da nossa atividade, somos responsáveis por 95% em equipamento, viaturas e recursos humanos, no INEM somos responsáveis por 85% da atividade”, sublinhou.Num “esclarecimento às população” enviado esta tarde às redações a Liga reitera “que o socorro e o apoio às populações não esteve nem nunca estará em causa” e lamenta “as pressões” da Autoridade Nacional de Proteção Civil e do ministro da Administração Interna, apelando à população para que se dirija ao quartel de bombeiros da sua área de residência para pedir mais informações “sobre o que se está a passar”.No mesmo comunicado, a Liga informa que deixa de participar no do dispositivo coordenado pela ANPC de combate a incêndios em 2019.Marta Soares criticou ainda o ministro por “não ter tomado em conta as propostas que foram feitas pelos bombeiros” e lamentou que o Governo queira fazer uma reforma da Proteção Civil “ignorando” o seu parceiro mais importante.Embora tenha acusado o ministro de “não respeitar” e “ter andado a enganar os bombeiros”, Marta Soares assegura que não fecha a porta ao diálogo com o Governo: “Os bombeiros portugueses não gostam de viver em conflito, ninguém se sente bem em conflito. Os bombeiros sempre estiveram abertos ao diálogo e as negociações, mas têm de ser diálogo e negociação sérios, responsáveis”.A LPB reivindica uma direção de bombeiros autónoma independente e com orçamento próprio, que diminua os custos e aumente a eficácia, um comando autónomo e o cartão social do bombeiro.A Liga dos Bombeiros Portugueses tem, no total, 470 associados, distribuídos por corporações de voluntários (435), municipais (19), privativos (9), batalhão de sapadores bombeiros (1), companhias de sapadores bombeiros (5) e regimento de sapadores bombeiros (1) distribuídos por todos os distritos do Continente e Ilhas.