Presidente da Federação Agrícola dos Açores reivindica reforço do POSEI
20 de nov. de 2019, 18:04
— Lusa/AO Online
“Dez a 20 milhões [de euros] para o POSEI
[Programa de Opções Específicas para o Afastamento e a Insularidade nas
Regiões Ultraperiféricas] retificava aquilo que hoje é o nosso grande
drama, que tem a ver com os rateios nas nossas ajudas. Temos uma
expectativa legítima e normal que as ajudas no primeiro pilar do POSEI
não sejam rateadas e somos confrontados com rateios, alguns deles
exorbitantes”, afirmou.Jorge Rita falava, na Praia da Vitória, na sessão de abertura do XII Congresso da Agricultura dos Açores.O
presidente da Federação Agrícola dos Açores criticou a possibilidade de
cortes nos fundos comunitários destinados ao setor e uma eventual
redução da comparticipação da Comissão Europeia a projetos do Governo
Regional, alegando que se pode traduzir numa “situação dramática” para o
executivo açoriano.Nesse sentido,
defendeu que a associação agrícola e o Governo Regional dos Açores devem
trabalhar em conjunto para reivindicar um aumento do POSEI e uma
“discriminação positiva” para os produtores da região.“Não
somos os únicos a receber apoios da comunidade [União Europeia], nem
somos os que recebemos mais. Há países em que os agricultores recebem
muito mais do que nós e eles são competitivos e estão a competir
connosco com os produtos no mercado. Não é vergonha, nem é um pedido de
esmola à comunidade nós pedirmos mais ajudas, com discriminações
positivas para a região”, salientou.Antecipando
o debate sobre alterações climáticas previsto no encontro, Jorge Rita
disse que a agricultura era o “alvo mais fácil” e que servia de “bode
expiatório” da sociedade.“Ninguém acusa os
navios ou os aviões, porque os que acusam andam a passear
frequentemente nos cruzeiros, nos brutos aviões ou nos carros que
utilizam”, ironizou.O representante dos
agricultores açorianos não esqueceu também as declarações do reitor da
Universidade de Coimbra sobre o consumo de carne de vaca.“Ele,
se calhar, não abdica do seu bruto carro para ir todos os dias para a
universidade, possivelmente não vai de bicicleta, e quando se faz
aqueles festivais de bebedeiras incríveis ninguém lhes vai lá retirar os
plásticos das cervejas da mão, porque isso também faz parte de uma
cultura”, acusou.Jorge Rita rejeitou ainda
um cenário de redução de produção de carne nos Açores, destacando a
importância que o setor tem na alimentação humana.“As
pessoas vão ter de aumentar as explorações porque a população mundial
está a crescer a uma velocidade incrível. Como é que nós vamos alimentar
toda esta população nos próximos anos?”, questionou.O
presidente da Federação Agrícola dos Açores sublinhou, por outro lado, a
necessidade de uma maior valorização dos produtos açorianos, na
transformação, na promoção e na internacionalização, alegando que os
agricultores têm de acreditar que são bons, mas para isso precisam
também de melhores rendimentos.“Precisamos
de ser mais arrojados, mais proativos e acreditar naquilo que temos.
Temos ou não temos produtos bons na Região Autónoma dos Açores? Somos ou
não somos bons naquilo que fazemos?”, perguntou.A
agricultura, acrescentou, é um setor vital para a economia dos Açores,
não só pelo que produz, mas pelo impacto que tem noutros setores.“Só
se faz turismo nos Açores com sucesso com uma agricultura forte e
sustentável”, frisou, dando como exemplo a preservação das paisagens e o
fornecimento de produtos para a gastronomia açoriana. Até
sexta-feira, o XII Congresso da Agricultura dos Açores debate, entre
outros temas, as alterações climáticas, o leite e laticínios, as
estratégias de promoção de produtos, o futuro da agricultura e a
Política Agrícola Comum no próximo quadro comunitário.