Presidente da EDA diz que o mercado dos Açores não comporta concorrência
28 de out. de 2025, 17:24
— Lusa/AO Online
“Nós, nos
Açores, temos uma dimensão muito reduzida! Não vamos ter ganhos
económicos em ter mais de um operador de rede de distribuição, no meu
entender!”, salientou o administrador da elétrica açoriana, durante uma
audição na Comissão de Assuntos Parlamentares, Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Regional, reunida em Ponta
Delgada.Na sua opinião, não haverá
vantagens para os consumidores açorianos o aparecimento no mercado de
operadores privados que pretendam investir no transporte e distribuição
de energia no arquipélago, mas antes um possível encarecimento das
tarifas.“Nós não vamos ter o que ganhar
com a abertura a outros porque vamos ter mais custos para a regulação,
mais custos para o sistema e, por sua vez, mais custos para as tarifas”,
insistiu Paulo Jorge André.O presidente
do Conselho de Administração da EDA foi ouvido pelos deputados a
propósito de uma proposta de decreto regional, apresentada pelo Governo
dos Açores, que pretende adaptar à região a legislação nacional sobre o
funcionamento do sistema elétrico.Segundo
explicou, a reduzida dimensão do mercado açoriano também não justifica o
aparecimento de empresas concorrentes com a EDA, que pretendam investir
na área da produção de energia elétrica.“Nós
somos apenas, nos Açores, 130 mil clientes! É um bairro da cidade de
Lisboa! Estamos a falar de um universo reduzido. Ter empresas a operar
nestas condições, entendo, pessoalmente, que vai ter é mais custos e que
também vão onerar o sistema”, insistiu o administrador da EDA.Contudo,
o deputado do PS Russel Sousa considerou que o problema pode ser outro e
que estará relacionado com um eventual conflito de interesses entre os
privados e as empresas do Grupo EDA, que não facilitam o surgimento de
outros operadores.“Não acha que, a nível
de concorrência, os pequenos produtores independentes ficam um pouco
prejudicados ou melindrados por vir a concurso contra a EDA Renováveis
[a empresa do Grupo EDA que se dedica às energias renováveis], sabendo
que o principal gestor é a própria EDA?”, questionou o parlamentar da
bancada socialista.Mas, o presidente da
EDA entendeu que essa situação não se coloca e deu um exemplo: “não
podemos falar em conflito de interesses e o exemplo disso é que já houve
produtores que se instalaram na região e que estão a operar nas mesmas
condições da EDA Renováveis”.A audição de
Paulo André surge na sequência de uma proposta de decreto regional,
apresentada pelo Governo Regional de coligação (PSD/CDS-PP/PPM), que
pretende adaptar à região legislação nacional sobre o funcionamento do
sistema elétrico.A EDA Renováveis, empresa
detida pela EDA e pela SEGMA, tem 65 trabalhadores e é responsável pelo
investimento em energias renováveis (eólica, geotérmica, fotovoltaica e
hídrica), alguns dos quais inovadores, financiados por fundos
comunitários, através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).