Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa diz que há "sinais convergentes" na sociedade contra a eutanásia
11 de nov. de 2019, 18:16
— Lusa/AO Online
Na abertura da 197.ª
assembleia plenária da CEP, em Fátima, Manuel Clemente disse que "a
defesa e promoção da vida, da conceção à morte natural", merece hoje
"redobrada atenção". "Nunca é
absolutamente seguro que se respeita a vontade autêntica de uma pessoa
que pede a eutanásia. Nunca pode haver a garantia absoluta de que o
pedido da eutanásia é verdadeiramente livre, inequívoco e irreversível",
citou, a partir de nota pastoral sobre o tema. O
cardeal-patriarca lembrou que, face a "situações difíceis" de
manutenção da vida, o caminho defendido pela CEP "só pode e deve ser o
desenvolvimento e a generalização" dos cuidados paliativos. Sociedade
e Estado, defendeu Manuel Clemente, devem tornar-se "também
'paliativos', isto é, envolventes e cuidadores de cada pessoa, em
especial das mais debilitadas. Este é o único caminho realmente humano e
humanizador que devemos seguir e onde há muito para andar". Num
momento em que PS, Bloco de Esquerda, PAN e PEV preparam diplomas sobre
a eutanásia, o presidente da CEP lembra que há posições "unânimes" de
sentido inverso. Além da posição
católica, juntam-se outras "do campo ecuménico e religioso e
inter-religioso", nomeadamente "as religiões monoteístas abramíticas -
judeus, cristãos e muçulmanos", disse. Entre
a comunidade médica, além da declaração conjunta "de cinco antigos
bastonários da Ordem dos Médicos, em setembro de 2016", no passado mês
de outubro "a Associação Médica Mundial reafirmou a sua oposição à
eutanásia e ao suicídio medicamente assistido". Segundo
o cardeal-patriarca, "também da sociedade civil vêm sinais
convergentes" contra alterações legislativas nesse campo, como a
manifestada no dia 26 de outubro, quando "milhares de pessoas se
manifestaram em várias cidades portuguesas em favor da salvaguarda e
promoção da vida e contra a legalização da eutanásia", manifestação que
"se tem repetido ano após ano, num crescendo de participação, mesmo que
escassamente divulgada pelos media", criticou. Para
o presidente da CEP, "no atual momento sociopolítico português estas
posições tão unânimes não podem deixar de ser tidas em conta por
legisladores e cidadãos em geral".Manuel
Clemente falou ainda da preparação da Jornada Mundial da Juventude, que
decorrerá em Portugal em 2022, considerando esse momento uma
"oportunidade e desafio", não só para a Igreja mas também para o país.
"Será uma boa altura de rejuvenescimento sociocultural", vaticinou.A assembleia plenária da CEP decorre em Fátima até 14 de novembro.