Presidente da CEP satisfeito com aprovação de audição parlamentar sobre abusos
9 de mar. de 2023, 08:45
— Lusa/AO Online
“Da
minha parte e da parte da Conferência Episcopal Portuguesa, estamos
totalmente disponíveis para prestar todos os esclarecimentos necessários
na Assembleia da República a propósito das ações que estamos a realizar
no âmbito dos abusos sexuais de menores e pessoas vulneráveis”, disse o
presidente da CEP.O parlamento aprovou por unanimidade a audição da Comissão Independente para o estudo de
abusos sexuais de menores na Igreja, do presidente da Conferência
Episcopal Portuguesa e da ministra da Justiça, entre outras entidades.“Nós
desejamos ser parte ativa na resolução desta dramática situação que é
transversal a toda a sociedade”, assegurou José Ornelas, acrescentando
que a audição parlamentar é “um ponto positivo que vai ao encontro de
algumas decisões tomadas na última Assembleia Plenária do episcopado
português”, realizada na sexta-feira, em Fátima.Para
o também bispo de Leiria-Fátima, estas decisões já estão a “ter
consequências práticas, desde logo na atuação, por parte de algumas
dioceses que receberam as listas [de nomes de alegados abusadores]
elaboradas com toda a competência por parte da Comissão Independente e
do Grupo de Investigação Histórica dos Arquivos Diocesanos e dos
Institutos de Vida Consagrada”.“Todos nos
empenhámos (…) para tornar transparente (…) esta investigação, que penso
não deixa ninguém indiferente”, afirmou José Ornelas para quem, “as
medidas já tomadas e que continuarão nos próximos dias [a ser postas em
prática] são sinal de um compromisso sério da Igreja em Portugal e de um
total empenho em erradicar os abusos sexuais de crianças e jovens,
porque isto é algo não só devastador para as vítimas, mas também
completamente contraditório com aquilo que é a Igreja, aquilo que é o
seu papel e aquilo que ela pretende fazer”.A
Comissão Independente para o estudo dos abusos sexuais de crianças na
Igreja Católica validou 512 testemunhos, apontando, por extrapolação,
para pelo menos 4.815 vítimas. Vinte e cinco casos foram enviados ao
Ministério Público, que abriu 15 inquéritos, dos quais nove foram
arquivados.A arquidiocese de
Évora e a diocese de Angra, nos Açores, anunciaram a suspensão cautelar
de três sacerdotes, enquanto decorrem investigações sobre alegados casos
de abuso por eles praticados.