“A
Fundação Narges Mohammadi anunciou ter recebido informações credíveis
de que Narges Mohammadi foi violentamente detida pelas forças de
segurança e pela polícia, durante a cerimónia do
sétimo dia em memória de Khosrow Alikordi”, um advogado falecido na
semana passada, indicou o comité.A
advogada francesa de Narges Mohammadi, Chirine Ardakani, confirmou
igualmente a informação à agência noticiosa France-Presse (AFP).A
fundação afirmou que Mohammadi foi detida durante uma cerimónia em
memória de um advogado de direitos humanos recentemente encontrado morto
no seu escritório.Não houve, para já,
qualquer comentário por parte das autoridades iranianas sobre a detenção
de Mohammadi, de 53 anos. Está por esclarecer também se foi reconduzida
à prisão para cumprir o restante da pena.Os
seus apoiantes afirmaram que Mohammadi foi “violentamente detida hoje
pelas forças de segurança e pela polícia”. Acrescentaram que outros
ativistas foram igualmente detidos.“A
Fundação Narges apela à libertação imediata e incondicional de todas as
pessoas detidas que participavam numa cerimónia memorial para prestar
homenagem e demonstrar solidariedade. A sua detenção constitui uma grave
violação das liberdades fundamentais”, lê-se num comunicado da
fundação.Os apoiantes tinham alertado
durante meses que Mohammadi corria o risco de ser novamente encarcerada
após lhe ter sido concedida uma licença em dezembro de 2024 por razões
médicas. Embora a licença devesse durar
apenas três semanas, o período prolongou-se, possivelmente devido à
pressão de ativistas e de países ocidentais para que se mantivesse em
liberdade. Continuou fora da prisão mesmo durante a guerra de 12 dias
ocorrida em junho entre o Irão e Israel.Mohammadi
manteve a sua atividade militante com protestos públicos e intervenções
na imprensa internacional, incluindo uma manifestação em frente à
prisão de Evin, em Teerão, onde já tinha estado detida.A
ativista cumpria uma pena de 13 anos e nove meses por alegada
conspiração contra a segurança do Estado e propaganda contra o Governo
iraniano. Apoiou igualmente os protestos desencadeados pela morte de
Mahsa Amini, em 2022, durante os quais mulheres desafiaram abertamente
as autoridades ao não usarem o ‘hijab’.Segundo
os seus apoiantes, Mohammadi sofreu vários enfartes enquanto esteve
presa, antes de ser submetida a uma cirurgia de urgência em 2022. No
final de 2024, a sua advogada revelou que médicos tinham identificado
uma lesão óssea potencialmente cancerígena, posteriormente removida.“Os
médicos de Mohammadi prescreveram recentemente uma extensão da sua
licença médica por pelo menos mais seis meses, para permitir exames
regulares e completos, incluindo o acompanhamento da lesão óssea
removida da perna em novembro, sessões de fisioterapia para recuperação
da cirurgia e cuidados cardíacos especializados”, afirmou a Free Narges
Coalition no final de fevereiro de 2025.“A
equipa médica que acompanha Mohammadi alertou que um regresso à prisão,
em especial sob condições de detenção ‘stressantes’ e sem cuidados
médicos adequados, poderia agravar gravemente o seu estado de saúde”,
sublinhou ainda a fundação.Engenheira de formação, Mohammadi foi detida 13 vezes e condenada cinco. No total, acumulou mais de 30 anos de penas de prisão. A
última reclusão começou quando foi detida em 2021 após participar numa
cerimónia em memória de uma pessoa morta durante protestos em todo o
país.