Prémio Nobel da Paz para jornalistas Maria Ressa e Dmitry Muratov
8 de out. de 2021, 10:53
— Lusa/AO Online
Os
dois jornalistas foram distinguidos "pela sua corajosa luta pela
liberdade de expressão nas Filipinas e na Rússia. Ao mesmo tempo, são
representantes de todos os jornalistas que defendem este ideal num mundo
em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada
vez mais adversas", justificou a presidente Comité Nobel Norueguês,
Berit Reiss-Andersen."Sem liberdade de
expressão e liberdade de imprensa, será difícil promover com sucesso a
fraternidade entre nações, o desarmamento e uma ordem mundial melhor
para ter sucesso no nosso tempo”, disse.Reiss-Andersen
disse que a atribuição deste ano do Prémio Nobel da Paz aos dois
jornalistas “está, por isso, firmemente ancorada nas disposições da
vontade de Alfred Nobel. Maria Ressa, 58
anos, "usa a liberdade de expressão para expor o abuso de poder, o uso
da violência e o crescente autoritarismo" nas Filipinas, onde dirige o
Rappler, um órgão de comunicação social digital que se dedica ao
jornalismo de investigação e que cofundou em 2012.O
Comité Nobel destacou, em particular, o papel de Ressa e do Rappler na
denúncia da "controversa e assassina campanha antidroga do regime" do
Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte”.Para
o Comité, o número de mortes desta campanha é tão elevado que “se
assemelha a uma guerra travada contra a própria população do país".Ressa
e o Rappel também “documentaram como os meios de comunicação social
estão a ser utilizados para espalhar notícias falsas, assediar
adversários e manipular o discurso público".Dmitry
Muratov, 59 anos, é um dos fundadores do jornal independente Novaja
Gazeta, criado em 1993, e de que é chefe de redação há 24 anos.Para
o Comité Nobel, trata-se do "jornal mais independente da Rússia, com
uma atitude fundamentalmente crítica em relação ao poder".“O
jornalismo livre, independente e baseado em factos serve para proteger
contra abusos de poder, mentiras e propaganda de guerra”, disse Berit
Reiss-Andersen.Pelo seu jornalismo baseado
em factos e a sua integridade profissional, o Novaja Gazeta é “uma
importante fonte de informação sobre aspetos censuráveis da sociedade
russa raramente mencionados por outros meios de comunicação social",
acrescentou.O Comité Nobel “está
convencido de que a liberdade de expressão e a liberdade de informação
ajudam a assegurar um público informado”.“Estes direitos são pré-requisitos cruciais para a democracia e a proteção contra a guerra e os conflitos”, acrescentou.Em
2020, o Prémio Nobel da Paz foi atribuído ao Programa Alimentar Mundial
(PAM), pelo papel desta agência das Nações Unidas para acabar com a
fome como "uma arma de guerra e conflito".O
Prémio Nobel da Paz é o único dos seis prémios a ser atribuído e
apresentado fora da Suécia, em Oslo, a pedido expresso de Alfred Nobel
(1833-1896), uma vez que a Noruega fazia parte do reino sueco no seu
tempo. Este prémio é o quinto dos
anunciados até hoje, depois dos prémios de Medicina, Química, Física e
Literatura, e antes do prémio de Economia, que será atribuído na próxima
segunda-feira.Os laureados irão receber um prémio de oito milhões de coroas suecas (cerca de 788 mil euros), além de um diploma e uma medalha.