"Sendo um prémio pela paz, nós entendemos que era altura de lhe dar o prémio", declarou, à Lusa, Mário Soares, "pela contribuição do presidente Lula em favor da paz, do diálogo, da justiça social e de igualdade de direitos, assim como pela sua grande contribuição para a erradicação da pobreza e em defesa dos direitos das minorias", justificou.

É uma grande contribuição, não só na América Latina como em toda a parte", acrescentou.

Para Mário Soares a atribuição do prémio ao Presidente Brasileiro representa "o fortalecimento do mundo lusófono na cena internacional", adiantando que "todos os presidentes do espaço da lusofonia vão ser convidados a estar presentes na cerimónia de entrega, em Paris", prevista para Julho.

A decisão, de pela primeira vez atribuir o prémio a uma personalidade da América do Sul foi tomada após deliberação de um júri internacional, presidido por Henry A. Kissinger, antigo secretário de Estado Norte-Americano e Prémio Nobel da Paz.

"Fiquei radiante ao anunciar este prémio. Além do mais sou amigo pessoal do Lula há muitos anos, e tenho por ele uma alta estima e admiração", afirmou o ex-Presidente português.

O valor do prémio é de 122 mil euros e a cerimónia de atribuição do galardão irá decorrer na sede da UNESCO, em Paris, em Julho próximo.

Destinado a honrar as "pessoas, organismos ou instituições que contribuíram de maneira significativa para a promoção, a pesquisa, a salvaguarda ou a manutenção da paz, no respeito da Carta das Nações Unidas e do Acto constitutivo da UNESCO", o prémio foi criado em 1989 pela conferência geral da UNESCO.

Os sul-africanos Nelson Mandela e Frederik W. De Klerk, os isrealitas Yitzhak Rabin e Shimon Pérès, o palestiniano Yasser Arafat, o Rei Juan Carlos de Espanha, o norte-americano Jimmy Carter e o Presidente senegalês Abdoulaye Wade estão entre os laureados com o Prémio Félix Houphouet-Boigny (nome do primeiro Presidente da República da Costa do Marfim e considerado como o "pai" da independência do país)