Prémio Camões é entregue hoje a Chico Buarque de Holanda ao fim de quatro anos
24 de abr. de 2023, 07:22
— Lusa/AO Online
A
cerimónia, que está marcada para as 16:00, no Palacio Nacional de
Queluz, no concelho de Sintra, está integrada na visita oficial a
Portugal do Presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da
Silva, que começou na sexta-feira, dia 21, e decorre até terça-feira,
dia 25, e será presidida pelos chefes de Estado do Brasil e de Portugal.Chico
Buarque foi galardoado com o Prémio Camões em 2019, mas a cerimónia de
entrega nunca se realizou depois de ter feito várias críticas às
políticas culturais do anterior Presidente brasileiro Jair Bolsonaro,
que na altura se recusou a assinar o diploma, cuja entrega formal estava
prevista para abril de 2020. O autor de
"Estorvo" e "Leite Derramado" é um apoiante do Partido dos Trabalhadores
(PT), defensor de Luiz Inácio Lula da Silva, que foi novamente eleito
em outubro do ano passado. Chico Buarque foi também um crítico do governo de Jair Bolsonaro.Entretanto,
a pandemia de covid-19 obrigou ao adiamento da cerimónia de entrega do
prémio, que foi agora remarcada, coincidindo com as celebrações do 25 de
Abril e com a visita de Estado, de cinco dias, de Lula da Silva a
Portugal.Sobre a entrega do Prémio Camões
de 2019 que agora se concretiza em Portugal, a ministra brasileira da
Cultura, Margareth Menezes, considerou que simboliza o regresso aos
valores democráticos no Brasil, lembrando que Chico Buarque é “um
artista que sempre se envolveu e se colocou na luta a favor da
democracia" e contra a ditadura, através das suas obras.Também
a editora Clara Capitão, do grupo Penguim Random House Portugal, que
edita a obra de Chico Buarque, na chancela Companhia das Letras,
destacou que a entrega do prémio ao escritor e músico brasileiro,
"depois de anos de espera, significa que o Brasil voltou a viver um
tempo de democracia e esperança".Nos
termos do Regulamento, Portugal e o Brasil organizam de forma alternada
as reuniões e as cerimónias de entrega deste galardão. Depois
de Chico Buarque, foram distinguidos o professor e ensaísta português
Vítor Manuel Aguiar e Silva (2020), a escritora moçambicana Paulina
Chiziane (2021) e o escritor brasileiro Silviano Santiago (2022).