Preços das telecomunicações subiram 7,7% desde 2009 e na UE caíram 10,4%
4 de jun. de 2020, 11:50
— Lusa/AO Online
Segundo diz em
comunicado o regulador das comunicações, “todos os estudos elaborados
pela Comissão Europeia, pela OCDE e pela UIT [União Internacional de
Telecomunicações] evidenciam que os preços dos pacotes de serviços e das
ofertas individualizadas de banda larga fixa e de banda larga móvel em
Portugal estão acima da média da UE”.A
Anacom cita dados de maio da UIT, que mede o custo e a acessibilidade de
telecomunicações em termos de percentagem da média mensal do rendimento
nacional bruto 'per capita', referindo que colocam Portugal numa
posição "muito desfavorável" entre os países da UE, ocupando o 25.º
lugar do 'ranking' no caso da banda larga móvel, o 21.º lugar do
'ranking' no caso da banda larga fixa e entre o 11.ª e o 18.º lugar no
caso dos serviços de voz móvel e internet no telemóvel (o que varia
consoante os serviços e perfis de utilização).A
Anacom refere ainda que a grande maioria dos pacotes de
telecomunicações obriga a contratar o serviço telefónico fixo, quando
apenas 65% das famílias usam realmente este serviço, considerando que
apesar da inclusão do serviço num pacote poder implicar um custo
marginal reduzido, tal faz subir as mensalidades.Quanto
aos pacotes de serviços que disponibilizam um grande número de canais
televisivos, considera a Anacom que, ainda que os custos dessa inclusão
sejam reduzidos para os operadores, há uma relação entre o número de
canais e o preço associado.“Em conclusão,
quanto mais canais incluídos na oferta, mesmo que não tenham direta
utilidade para o consumidor, maior a mensalidade”, diz a Anacom,
acrescentando que “a maioria dos utilizadores tende a assistir a um
número muito reduzido de canais de forma regular". A
Anacom indica que em alguns mercados há oferta dos chamados 'skinny
bundles', ofertas em que o número de canais é mais reduzido, mas a
respetiva mensalidade também, considerando que, “nesses casos, parece
existir um maior equilíbrio entre diversidade de escolha, liberdade de
escolha e acessibilidade de preços”.No
caso dos pacotes, refere, “não há pacotes com preços competitivos que
incluam um menor número de canais, menos minutos, menos tráfego
internet, ou menos SMS", considerando que tal "não significa que não
existam utilizadores interessados neste tipo de ofertas”. A
Anacom fala ainda sobre a receitas dos operadores, referindo que não se
pode confundir a evolução dos preços com as receitas dos prestadores,
uma vez que estas são afetadas por outros fatores, como os
macroeconómicos.Explica a Anacom que, quando os operadores alteram preços com impacto real sobre os consumidores, há um aumento de preços.Já
quando os clientes se adaptam às alterações de preços dos serviços, do
seu rendimento disponível ou das condições macroeconómicas e tal resulta
numa redução das receitas das empresas, isso não significa que houve
uma redução de preços.“Se essa adaptação
dos comportamentos dos consumidores implica uma redução das receitas
globais ou unitárias, isso não implica que os preços estejam a descer”,
vinca a Anacom.