Autor: LUSA/AO Online
Em declarações à Lusa, Olga Marques, do ISN, explicou que a
iniciativa “gratuita” inclui o simulador de um agueiro, um “fenómeno
natural identificado” que torna a “corrente marítima demasiado forte
para lutar contra ela”, sendo por isso importante reconhecer a situação e
evitá-la ou, caso contrário, “nadar ao longo da costa” e “flutuar e
pedir ajuda”. “O problema é que, num agueiro, mal as pessoas
levantam os pés, são logo arrastadas. O perigo é maior para quem não
sabe nadar porque, normalmente, a pessoa entra em pânico e esquece-se de
pedir ajuda. O importante é flutuar e pedir ajuda. Quanto a quem sabe
nadar, a tendência das pessoas é nadar contra a corrente, o que é
impossível num agueiro e a pessoa acaba por perder as forças”, descreveu
a subtenente do ISN. A iniciativa “Surf Salva para Todos”, que
começou esta manhã na praia de Matosinhos e se prolonga durante a tarde,
repete-se a 06 de agosto na praia de Carcavelos, no dia seguinte na
praia da Fonte da Telha, a 13 de agosto na Praia da Rocha, a 14 de
agosto na Praia dos Pescadores, Albufeira, e a 15 de agosto na praia de
Montegordo. “O objetivo da ação é informar para evitar o risco. É
mostrar como se identifica um agueiro para que os banhistas não se
sujeitem a uma situação de risco”, explicou Olga Marques, admitindo que
lidar com um agueiro não é algo que habitualmente se explique em aulas
de natação para quem aprende a nadar. De acordo com a subtenente, a
identificação de um agueiro começa, desde logo, pela “mudança da
tonalidade da água”: nos sítios onde se formam agueiros, a água fica com
uma “tonalidade acastanhada e com espuma”, devido à “agitação das
areias”. Para além disso, trata-se de uma zona onde “a ondulação é
quase nula”, quando mesmo ao lado há mais ondas, criando uma “falsa
sensação de acalmia”, que leve a que o local seja aquele onde há “a
tentação de a pessoa entrar”. “Quando as ondas rebentam e fazem o
retorno ao mar, formam uma espécie de canal com uma corrente muito forte
para o mar. A tendência das pessoas é nadar contra a corrente, o que é
impossível”, explica. Por isso, a opção é “deixar-se levar pela
corrente porque, à medida que se vão distanciando da costa, a corrente
vai perdendo intensidade”, descreve a responsável do ISN. Para além disso, os banhistas “devem nadar paralelamente à costa para fazer o retorno para a praia”. Molhar os pés num agueiro não é problema, mas “mal a pessoa levanta os pés, é logo arrastada”. A
responsável do ISN esclarece que existem “agueiros súbitos, sobretudo
em alturas de troca de marés e, nesses casos, é muito difícil
identificá-los”, indicando que eles podem surgir em sítios onde não está
hasteada a bandeira vermelha. Existem outros fixos, que “podem ou
não estar no mesmo local” da praia, mas “nas praias vigiadas existe
sinalética própria para os identificar”, acrescenta a responsável. O
projeto “Surf Salva para Todos”, realizado com o apoio do Lidl, começou
com “ações de sensibilização e de formação em salvamento aquático e
suporte básico de vida, junto de 413 nadadores salvadores, surfistas e
amantes de desportos náuticos, entre maio e julho deste ano”. A
ação alarga-se agora “a todos os banhistas” com formações “sobre
práticas de salvamento e boas práticas a adotar no mar” e, em algumas
praias, com a colaboração da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), que
vai realizar rastreios gratuitos à pele (nas praias de Carcavelos,
Fonte da Telha e da Rocha). Na edição da iniciativa “Surf Salva
para Todos“ de 2016, a LPCC realizou aproximadamente 500 rastreios,
tendo resultado na identificação precoce de cerca de 10% dos casos,
reencaminhados para as unidades de saúde, para o devido acompanhamento
e/ou tratamento.