PR tomou "decisão correta" ao vetar diploma sobre tempo de serviço de professores - Fenprof
27 de dez. de 2018, 08:43
— Lusa/AO Online
“É absolutamente
adequado e é a decisão correta porque aquilo que este decreto-lei
traduzia era uma ilegalidade” e “uma violação da lei do Orçamento do
Estado para 2018, que mandava apenas negociar o prazo e o modo de
recuperar todo o tempo de serviço e não como o Governo fez que foi
apagar seis anos e meio de tempo de serviço”, afirmou Mário Nogueira, em
declarações à agência Lusa.
O dirigente da Fenprof adiantou que “o Governo estava já isolado, uma
vez que a Assembleia da República já tinha afirmado há dias que o
Orçamento do Estado para 2018 não tinha sido cumprido nessa matéria e
inclusivamente repetiu a norma no orçamento para 2019, obrigando o
Governo a negociar todo o tempo”.
Depois disso, acrescentou, as assembleias legislativas regionais da
Madeira e dos Açores, a quem o Governo pediu pareceres, deram parecer
negativo a esta eliminação de tempo de serviço.“Portanto,
neste momento, eu acho que não havia nada que pudesse justificar a
promulgação deste decreto”, disse Mário Nogueira, sublinhando que a
decisão de Marcelo Rebelo de Sousa reforça a convicção dos professores."No
dia 03 de janeiro, os docentes vão estar à porta do Ministério da
Educação para dizer ao Governo: Estamos aqui para iniciar essa
negociação”, afirmou Mário Nogueira.Nesta
negociação “não pode voltar a repetir-se” a tentativa do Governo de
“violar a própria lei do orçamento, querendo antes de negociar o prazo e
o modo de recuperar tempo de serviço, negociar quanto tempo é que se
poderia recuperar. Não se trata de uma bonificação, trata-se de tempo
que as pessoas trabalharam e que não pode ser apagado”, adiantou Mário
Nogueira."Se o
Governo estiver com seriedade nesta matéria, e se de facto foi
respeitador da lei, a negociação pode até ser rápida, porque os
sindicatos apresentaram uma proposta ao Governo no sentido de se poder
uniformizar a situação da Madeira com o continente e ter um processo
igual ao da Madeira. Se o Governo insistir em apagar tempo de serviço ou
até considerar que não vai contabilizar tempo nenhum, pois aí vai
contar com uma forte e uma dura luta dos professores, agora ainda com
mais convicção que a razão está do nosso lado, sempre esteve, porque
ninguém tem o direito de eliminar tempo que as pessoas trabalharam”,
afirmou o secretário-geral da Fenprof.Numa
nota publicada na página da Internet da Presidência da República, o
chefe de Estado justifica a devolução ao executivo sem promulgação com o
entendimento de que a norma incluída pelos partidos no Orçamento do
Estado para 2019 obriga a que o diploma “seja objeto de processo
negocial”. O
Governo aprovou em 20 de dezembro, em Conselho de Ministros, o
decreto-lei que prevê a recuperação de dois anos, nove meses e 18 dias
de tempo congelado aos professores, em vez dos mais de nove anos
efetivamente congelados.
A aprovação do decreto-lei aconteceu dois dias após a última reunião
negocial entre as dez estruturas sindicais de professores e
representantes dos ministérios da Educação e das Finanças, que terminou
sem acordo.