PR pede que se resolva estatuto dos bombeiros mas critica uso de tochas e petardos
4 de dez. de 2024, 16:16
— Lusa/AO Online
"O fundamental é o
seguinte, é que, do lado das autoridades, que haja a noção de que o
estatuto tem de avançar, do lado dos bombeiros, que há métodos que não
os prestigiam, são opostos aos seus interesses e à sua
credibilidade, como usar o fogo, queimar pneus, usar petardos e usar
tochas numa manifestação de bombeiros", defendeu Marcelo Rebelo de
Sousa. Segundo o chefe de Estado, que
falou aos jornalistas antes de participar numa iniciativa do jornal
Público, em Lisboa, "há um problema de estatuto" dos bombeiros
sapadores, "que resulta de a entidade patronal serem os municípios, quem
estabelece o estatuto legal ser o Estado e, portanto, haver aqui uma
relação triangular a três"."É fundamental resolver esse problema, porque já vem de longe, passaram mais de 20 anos, tem que ser resolvido", apelou.Por
outro lado, "quanto à forma de luta" utilizada nas recentes
manifestações, Marcelo Rebelo de Sousa manifestou-se preocupado com a
"credibilidade das instituições" mais do que com "o problema da
legalidade", referindo que "os bombeiros são, talvez, a atividade
vocacional ou profissional mais bem vista" em Portugal."Por
isso, eu não considero feliz que, sendo uma das razões da segurança
criada nas pessoas a do combate ao fogo, nas manifestações utilizem o
fogo como instrumento de luta laboral", afirmou, criticando "ter havido
pneus ardidos em frente à Assembleia da República" ou "tochas em frente
da sede do Governo"."Como também não me
parece feliz usarem petardos, porque o comum do cidadão não pode fazer
manifestações usando petardos", acrescentou. Questionado
se deve haver consequências por isso, respondeu: "Não digo mais nada.
Eu acho que as pessoas percebem, isto é tão claro, tão claro, tão
claro, percebem que é um problema de bom senso".Interrogado
se concorda que o Governo não deve negociar e ceder constantemente
perante as pressões, o chefe de Estado contrapôs que "noutras
circunstâncias o Governo cedeu e, portanto, cedeu porque achava que era
justo". "Portanto, se é justo, justifica-se a cedência", sustentou."Agora, não se justifica, isso concordo, é admitir certas formas de luta", reiterou.Marcelo
Rebelo de Sousa contou que acompanhou "de perto" a manifestação de
terça-feira de bombeiros sapadores, e encontrou vários deles à hora de
almoço, mas também pela televisão, e pareceu-lhe "que era uma coisa que
não servia os interesses dos bombeiros". O
Presidente da República não quis associar as recentes manifestações de
bombeiros a movimentos inorgânicos: "Eu não queria fazer essa ligação".A
este propósito, mencionou que há quem preveja que, "uma vez aprovado o
Orçamento do Estado, havendo uma situação económica relativamente
estável e uma situação política estável, que conflitos sociais ou
laborais podem introduzir intranquilidade num ano que é um ano quase
eleitoral, por causa das eleições locais"."Não digo isso", ressalvou, em seguida.