PR defende que é urgente reformar sistemas político, económico e social "gastos"
16 de set. de 2020, 17:02
— Lusa/AO Online
"Necessitamos
de dar uma vida nova a sistemas económico, social e político gastos,
lentos em apreender o que foi mas já não é nem realidade externa nem
realidade interna, e enquistados nos seus umbigos autorreferenciais.
Tenho vindo há anos a prevenir para o vazio que deixam e, como tudo na
vida, outros se encarregarão de tentar preencher", afirmou.Marcelo
Rebelo de Sousa deixou esta mensagem na abertura solene do ano letivo
2020/2021 do Instituto Universitário Militar, em Lisboa, a propósito dos
efeitos da pandemia de covid-19, e insistiu na necessidade de reforçar a
coesão social no atual contexto.A meio do
seu discurso, de cerca de meia hora, o chefe de Estado começou por
falar em termos gerais sobre a forma como, no seu entender, a pandemia
está "a acelerar reflexões e sobretudo ações", incluindo "na urgente e
cronicamente atrasada reforma dos sistemas políticos económicos e
sociais".Segundo o Presidente da
República, verifica-se uma "incapacidade dos sistemas políticos,
incluindo órgãos dos poderes políticos, sistemas partidários e parceiros
económicos e sociais, de acompanharem a natureza e o ritmo das mutações
em curso"."Neste quadro, a educação, toda
ela, e o ensino superior, em especial, sofrerão inevitáveis alterações,
e o que parecia pioneiro há uma dúzia de anos rapidamente passou ou vai
passar a obsoleto", anteviu.De acordo com
Marcelo Rebelo de Sousa, "a crise económica e social que já se iniciou,
bem diferente das anteriores", suscita também "questões graves de
coesão social etária, funcional e territorial indisfarçáveis para os
sistemas sociais de saúde e segurança social, que vivem tantas das vezes
paredes meias quase se ignorando".Falando
em concreto sobre o caso português, o chefe de Estado e Comandante
Supremo das Forças Armadas apontou como "desígnio nacional" o papel de
"plataforma singular entre culturas, civilizações, oceanos e
continentes"."Para tanto, precisamos de
mais saber e de maior coesão social, de maior aposta nas avenidas da
inovação e da criatividade, na ciência, na tecnologia, na natureza, no
digital, no humano", acrescentou. "Para
tanto, necessitamos de dar uma vida nova a sistemas económico, social e
político gastos, lentos", prosseguiu Marcelo Rebelo de Sousa,
considerando que "esses sistemas podem ainda e devem ainda aprender com
as Forças Armadas e o universo militar", por exemplo, "na
disponibilidade integral para servir desinteressada e abnegadamente".Em
relação ao Instituto Universitário Militar (IUM), o Presidente da
República apontou "o doutoramento tão laboriosamente concebido e posto
de pé" como um marco de "maturidade" que "motivo de orgulho nacional",
mas que lhe coloca mais exigências.Marcelo
Rebelo de Sousa realçou que "a academia não existe para ela mesma, mas
para a comunidade" e incluiu entre os desafios do IUM "estruturar e
qualificar as relações com as mais diversas e as melhores instituições
de ensino superior nacionais e internacionais, militares e não
militares".Antes, também o ministro da
Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, sustentou que "ao IUM e aos
centros de investigação a ele associados é exigido que congreguem
esforços e ganhem dimensão, para poder trabalhar com os seus congéneres
europeus, para criar pontes com outros de investigação e com o setor
industrial nacional, com as universidades"."São
muitos os desafios, mas sinto que o entusiasmo e a capacidade desta
casa estão plenamente à altura de lhes dar a devida resposta", declarou o
ministro.