PR aguarda até ao último segundo e se houver chumbo inicia logo dissolução
OE2022
25 de out. de 2021, 13:13
— Lusa/AO Online
"Até
ao último segundo eu mantenho aquilo que disse: o mais desejável e
aquilo que eu esperaria que acontecesse é que o Orçamento passasse. Como
sabem, se de todo em todo isso for impossível, se for impossível, eu
inicio logo, logo, logo a seguir o processo [de dissolução]", declarou
Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.O
chefe de Estado, que falava à saída do Laboratório Nacional de
Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa, referiu que o processo de dissolução
implica, "depois de ouvir o senhor presidente da Assembleia e o senhor
primeiro-ministro, ouvir os partidos políticos e convocar o Conselho de
Estado".O PCP comunicou hoje que vai votar
contra o Orçamento do Estado para 2022 já na votação na generalidade,
que está marcada para quarta-feira, confirmando uma intenção anunciada
logo no dia seguinte à entrega da proposta do Governo.Com
os votos contra dos 10 deputados do PCP, somados aos dos 19 do BE e aos
86 dos partidos à direita (79 do PSD, 5 do CDS-PP, 1 do Chega e 1 da
Iniciativa Liberal), o Orçamento do Estado para 2022 será chumbado na
generalidade, com um total de 115 votos contra.No
domingo, também o BE reiterou que irá votar contra – embora
condicionando essa decisão à manutenção por parte do Governo da recusa
em ir mais além na negociação das nove medidas reivindicadas por este
partido – o Orçamento para 2022 na generalidade, como tinha feito em
relação ao Orçamento para 2021.O Governo,
através do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte
Cordeiro, disse entender como definitiva a posição transmitida pela
coordenadora do BE, Catarina Martins.Deixando
claro que em caso de chumbo do Orçamento avançará de imediato com o
processo de dissolução do parlamento e de convocação de eleições
legislativas antecipadas, o Presidente da República reiterou, no
entanto, a mensagem de esperança num entendimento ao momento da votação
na generalidade.Marcelo Rebelo de Sousa
prometeu que irá "ver o que se passa, serenamente, com bom senso" e
tentar "perceber qual é o estado de espírito dos diversos protagonistas e
ver se é possível de alguma forma encontrar o número de deputados para
viabilizar o Orçamento".O chefe de Estado
realçou que esta é uma conjuntura de saída da crise provocada pela
pandemia de covid-19 e defendeu que "as pessoas têm de pensar que há
mais vida além da semana que vem e do curtíssimo prazo"."Portanto, vamos ponderar", apelou.A
proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2022 tem assegurados
apenas votos a favor dos 108 deputados do PS e abstenções, hoje
anunciadas, dos três deputados do PAN e das duas deputadas não
inscritas, Cristina Rodrigues e Joacine Katar Moreira.O
PEV, que tem dois deputados eleitos em coligação com o PCP, ainda não
anunciou o seu sentido de voto na generalidade, mas que, mantendo-se as
restantes votações anunciadas, não terá influência no resultado.O
Presidente da República avisou logo em 13 de outubro, depois de PCP e
BE acenarem com o voto contra o Orçamento para 2022 já na generalidade,
que um chumbo do documento "muito provavelmente" conduziria a eleições
legislativas antecipadas, que estimou que se realizariam em janeiro.