PPM vai chamar presidente do Governo dos Açores para "explicações" sobre abastecimento ao Corvo
23 de jan. de 2020, 13:04
— Lusa/AO Online
“Não
somos abastecidos por via marítima desde o dia 06 de dezembro, isto há
quase 50 dias. Durante este período fomos abastecidos por via aérea para
uma parte muito específica das nossas necessidades. O que está a
suceder com o abastecimento da ilha do Corvo é um escândalo”, disse o
deputado do PPM, refutando que a situação se justifique apenas com o
estado do mar, já que no passado dia 17 de janeiro um "rebocador efetuou
abastecimento de combustível com êxito" à mais pequena ilha dos Açores.Paulo
Estêvão falava numa conferência de imprensa em Ponta Delgada, na
delegação do parlamento açoriano, onde acrescentou que vai "provocar, na
reunião plenária do mês de fevereiro", na Assembleia Legislativa
Regional, uma sessão de perguntas.“Já
chamei a senhora secretária regional dos Transportes e Obras Públicas a
respeito deste assunto e ela não dá respostas às questões que estou a
colocar. Já percebi que não tem autonomia para decidir sobre esse
problema. Já percebi que não tem as respostas e por isso estou a
envolver diretamente o presidente do governo”, afirmou.O
deputado adiantou que vai "voltar a pressionar o Governo Regional a
respeito dos pagamentos efetuados e das condições contratuais
estabelecidas com a empresa responsável pela realização das ligações
marítimas entre as ilhas do Corvo e do Faial”.O
partido enviou um requerimento ao Governo dos Açores (PS) a questionar
sobre "os encargos relacionados com o abastecimento das ilhas do grupo
Ocidental (Flores e Corvo) na sequência dos estragos ocasionados pela
passagem do furacão Lorenzo e a cópia do contrato com as empresas", mas o
executivo respondeu “não ter as contas feitas”."A
ilha do Corvo tem tido uma paciência tremenda em relação à resolução
desta questão", sustentou, acusando o Governo Regional socialista de
nada fazer para colocar a funcionar uma carreira regular de
abastecimento marítimo à ilha do Corvo", uma situação que "está a
paralisar tudo".Entretanto, o deputado já
apresentou "uma nova iniciativa no parlamento dos Açores que recomenda
ao executivo regional o fretamento de um navio com capacidade para
realizar o transporte de mercadorias para a ilha do Corvo", algo que o
navio "Malena" já assegura para as Flores."O
que nós percebemos na ilha do Corvo é que o governo só se preocupa se
chegam alguns bens essenciais e se há alguma rutura. E só com muita
pressão mediática é que tem reagido com maior celeridade", apontou o
deputado.Numa nota enviada hoje às
redações, o Governo dos Açores refere que as condições do estado do mar
não têm permitido "efetuar o abastecimento por via marítima", mas indica
que está "assegurado o transporte por via área para o Corvo de farinha,
fruta, legumes, entre outros bens essenciais", em função das
"informações que empresários e entidades da ilha têm transmitido".Assim,
na quarta-feira "foram transportados para o Corvo, por via aérea, 10
sacos de farinha com 25 quilos cada, para assegurar o fabrico de pão"."Na quarta-feira da semana passada, tinha sido transportada idêntica quantidade", lê-se na nota.
A tutela salienta que "desde o início desta semana tem vindo a
acompanhar o evoluir do estado do tempo e das previsões para os próximos
dias", explicando que "a melhoria das condições é essencial para que se
concretize a viagem do navio 'Lusitânia', que carregou mercadoria no
Porto da Horta (Faial) com destino ao Corvo".Porém,
"esta viagem ainda não se realizou porque o Porto da Casa, no Corvo,
foi encerrado à navegação pela Capitania do Porto de Santa Cruz das
Flores devido às condições do tempo, principalmente do estado do mar",
explica o executivo.A Secretaria Regional
dos Transportes e Obras Públicas frisa que, através da Direção Regional
dos Transportes e do Fundo Regional de Coesão, "continua a acompanhar a
situação" e, "caso seja necessário, acionará os meios possíveis para
garantir que não exista rutura de bens essenciais na ilha do Corvo".