PPM quer mais estacionamento para acesso ao comércio tradicional em Ponta Delgada
Açores/Eleições
13 de out. de 2020, 12:32
— Lusa/AO Online
“Parece que os conheço”, atira Paula Botelho
mal Paulo Estêvão e o cabeça de lista do partido por São Miguel, Paulo
Margato, entram numa ótica junto às Portas da Cidade. Com
o confinamento devido à pandemia da covid-19, a “faturação diminui
muito”, mas o negócio está “a recuperar”. “Casamentos, batizados e
comunhões…não houve nada”, explica a funcionária da Ótica da Matriz,
junto à igreja.Enquanto seguem para outra
loja, um cidadão deseja “boa campanha” aos candidatos, junto a um cartaz
do partido relativo às eleições regionais de dia 25. “Socialistas, 24
anos a criar pobreza”, lê-se.No Armazém
Soares, Paulo Estêvão, o único deputado do PPM na Assembleia Legislativa
Regional, pergunta ao funcionário se as ajudas do Governo Regional têm
chegado. O político ainda não tinha acabado a frase e já Cristiano
Ferreira respondia: “Não”.Por ali, o negócio “está fraco”, mas “para já não há risco de encerramento” de uma loja de porta aberta há 60 anos.Os
relatos repetem-se num par de lojas e na Libolã, loja de linhos,
bordados e lãs, Silvano Soares queixa-se de mais um problema: as
dificuldades de estacionamento na baixa da cidade.“Até às 10:00 não se devia pagar e a partir das 15:00 também não. É a caça à multa para ganhar dinheiro”, queixa-se.Para
Paulo Estêvão, a acessibilidade “é fundamental para a dinamização do
comércio local” na cidade, até porque, se as pessoas não tiverem
possibilidade de chegar à zona, será muito difícil os negócios
prosperarem.“Uma das infraestruturas
claramente necessárias nesta área, e que podia ser feito através de um
protocolos de colaboração entre a Câmara Municipal [de Ponta Delgada] e o
Governo Regional, é a criação de um conjunto de parques [de
estacionamento] que tornem esta zona da cidade mais acessível”, afirmou.O cabeça-de-lista por São Miguel concorda e vai mais longe: “A Câmara não ficará alheia à morte do comércio local”.“A
sua política do estacionamento pago, na concessão de parquímetros a uma
empresa particular, foi o que estrangulou o acesso da população ao
comércio local”, acrescentou Paulo Margato.Na
ourivesaria Rubi, Sandra Vasconcelos também aponta as dificuldades de
estacionamento como um dos motivos para a quebra do negócio. “Vamos
tendo uns dias melhores e outros piores. Vamos ter de aguentar”, conta,
ao mesmo tempo que encolhe os ombros, resignada.Para
o PPM, os Açores precisam de um “grande plano de investimentos” que
possa reanimar a economia, sobretudo ao nível de obras públicas.“Outra
coisa essencial é que as pessoas tenham emprego e que tenham
rendimentos. Se não tiverem rendimentos não conseguem animar o comércio
local”, exemplificou Paulo Estêvão.Numa
das lojas, um dos funcionários, enquanto olha para o panfleto entregue
pelos candidatos, traz à conversa a maioria absoluta do PS na região:
“Os que têm maioria absoluta estão se a marimbar para outros”, afirma.Paulo
Estêvão concorda e puxa da sua experiência enquanto deputado no
hemiciclo regional. Diz que não há exigência no parlamento, que o
Governo não se esforça para explicar as medidas e as propostas, “até
porque ganha sempre as votações”. No entanto, deixa um alerta: “Estou
convencido de que não há maioria absoluta [do PS]”.“O
que é decisivo para alterar o rumo dos acontecimentos nos Açores é que
as pessoas que estão descontentes votem”, sublinhou Estêvão, que é
também cabeça de lista pela ilha do Corvo, numa coligação entre o PPM e o
CDS.As legislativas dos Açores decorrem
em 25 de outubro, com 13 forças políticas candidatas aos 57 lugares da
Assembleia Legislativa Regional: PS, PSD, CDS-PP, BE, CDU, PPM,
Iniciativa Liberal, Livre, PAN, Chega, Aliança, MPT e PCTP/MRPP. Estão
inscritos para votar 228.572 eleitores.No
arquipélago, onde o PS governa há 24 anos, existe um círculo por cada
uma das nove ilhas e um círculo de compensação, que reúne os votos não
aproveitados para a eleição de parlamentares nos círculos de ilha.