PPM inspira-se em 'O Triunfo dos Porcos' para criticar regime socialista nos Açores
29 de nov. de 2017, 19:16
— Lusa/AO online
Na
intervenção final no debate das propostas de Plano e Orçamento para
2018, no parlamento regional, na Horta, ilha do Faial, Paulo Estêvão
começou por dizer que este ano se assinala os 100 anos da Revolução
Russa, que ocorreu no mês de novembro, mas também a “não menos
importante revolução”, ocorrida também num mês de novembro, mas de 1996,
quando o primeiro governo socialista dos Açores tomou posse, ao
derrotar o PSD que liderou a região entre 1976 e 1996.Reconhecendo
a “enorme dificuldade que encerra o exercício de analisar estes três
factos transcendentais, a Revolução Russa, a Revolução Socialista
Açoriana e o Novo Ciclo orçamental, num só discurso”, Paulo Estêvão
socorreu-se do livro “O Triunfo dos Porcos”, de George Orwell, e
integrou, além dele próprio, um segundo narrador, o líder parlamentar do
PS, André Bradford, em parte da história.“George
Orwell conta a história dos animais de uma quinta que se revoltam
contra o homem que os tiraniza. Os animais são liderados por dois
porcos, Bola de Neve e Napoleão, que os conduzem à vitória
revolucionária”, referiu, explicando que “a Revolução Socialista de 1996
iniciou-se com um discurso memorável de Napoleão”, numa alusão a Carlos
César: “Vinte anos em qualquer parte do mundo é demais, criam-se
clientelas e favoritismos, é tempo de mudar a quinta dos Açores”.Segundo
o deputado monárquico, Napoleão disse ainda que “é mau e acarreta
muitos males votar no mesmo partido depois de 20 anos de governo do
mesmo”, sendo que os laranjas “já não conseguem esconder tendências que
indiciam clientelismo e outras perversidades instaladas que, depois de
tanto tempo no poder, acabam por ser normais”. Porém,
relatou o parlamentar, “logo no início da Revolução Socialista de 1996,
as coisas começaram a correr mal” porque, “ao contrário do prometido no
auge da revolução, os rosas cederam à tentação do poder e iniciaram
práticas em tudo semelhantes às que tinham praticado os odiados
laranjas”.Continuando
a “descrever” a recente História política dos Açores, Paulo Estêvão
explicou que, na “primavera de 2012, Napoleão transferiu-se para a
promissora quinta de Lisboa, mantendo, no entanto, a suserania total na
quinta açoriana”, nomeando para seu sucessor o jovem Gengiscão, “um
antigo e espigado presidente da juventude do partido rosa”, referindo-se
a Vasco Cordeiro, eleito presidente do Governo dos Açores no final de
2012, que repetiu a vitória no ano passado.Segundo
o deputado, “nos últimos cinco anos, Gengiscão prosseguiu e aprofundou,
em muitos aspetos a política autocrática de Napoleão”, assinalando que
“o seu propósito é conquistar os derradeiros oásis de liberdade que
ainda subsistem na quinta dos Açores e manietar todos os que, no terreno
económico, não dependem das benesses do poder do partido rosa”.E,
se na história original, “O Triunfo dos Porcos”, a grande obra do
regime era um moinho, na quinta dos Açores, “o Orçamento do Novo Ciclo
prevê a conclusão da Casa da Autonomia”, uma obra para “imortalizar o
regime e acolher os sarcófagos da elite da Revolução Socialista Açoriana
de 1996”, sendo que, “esta decisão orçamental define tudo o resto”,
considerou Paulo Estêvão.“Resta-nos
esperar a aurora de uma nova revolução. (…) Nascerão novos heróis e um
mundo radioso de oportunidades surgirá à frente dos que o regime
esqueceu e maltratou”, ocasião em que “serão impressas resmas de cartões
partidários com novas cores”, disse, terminando o discurso com um “até
amanhã, camaradas”.