PPM diz que implementação da reforma curricular nos Açores foi "autêntico desastre"
31 de out. de 2019, 14:00
— Lusa/AO Online
“Ao
contrário do que está previsto no Programa do Governo [Regional], a
reforma foi imposta politicamente a toda a sociedade açoriana e não
contou com o apoio de qualquer outro partido parlamentar, da maioria
esmagadora das escolas, dos alunos, dos docentes, dos não docentes e dos
encarregados de educação”, disse o deputado Paulo Estêvão, criticando a
atuação do secretário regional da Educação e Cultura, Avelino Meneses,
porque "falta tudo na sua gestão" do sistema educativo regional.O
único deputado do PPM no parlamento açoriano enviou hoje uma nota à
imprensa após ter falado em conferência de imprensa em Angra do
Heroísmo, onde disse ter solicitado “um conjunto de documentos" que lhe
permitam "avaliar o processo de implementação da reforma curricular”,
sublinhando que o executivo regional “não” lhe respondeu “no período
legal que tem para o fazer (60 dias)”. “Solicitei
então a transformação das perguntas escritas em perguntas orais a
realizar no parlamento dos Açores. A presidente do parlamento recusou a
transformação das perguntas escritas em perguntas orais, numa violação
escandalosa do que diz a lei”, acusou. Paulo
Estêvão adiantou que “só na circunstância extrema” de ter interposto
“um recurso para o plenário do parlamento dos Açores é que o Governo
Regional libertou a informação e a documentação”, mas a informação “está
muito truncada e incompleta”. "Este
processo, tal como muitos outros noutras áreas, demonstra bem as enormes
dificuldades com que se deparam os deputados para aceder a informação
pública que, em princípio, deveria estar disponibilizada publicamente",
frisou, reforçando que o processo da reforma curricular "foi anárquico e
pouco ou nada participado pela comunidade educativa". De
acordo com o parlamentar, citado no comunicado, "a maior parte das
vezes, as opções não têm qualquer justificação pedagógica e muito menos
refletem qualquer avaliação da especificidade da comunidade escolar",
com "opções meramente burocráticas".Paulo
Estêvão diz que a Direção Regional de Educação "chumbou todas as
propostas que avançaram com qualquer tipo de inovação" e "a justificação
da tutela é sempre a mesma: de que não existem recursos e qualquer
aumento da despesa é de imediato rechaçado"."Embora
nem sempre seja evidente pela documentação que me chegou, a esmagadora
maioria das escolas optou por manter o funcionamento em modo trimestral
(os tradicionais três períodos), ignorando as mesmas a possibilidade
legal de organização semestral (como nas universidades)", disse.Segundo
o deputado único do PPM, "as escolas açorianas mantiveram como unidade
de tempo letivo (período de duração das aulas), de forma quase geral, os
45 minutos" e "a legislação permitia que cada escola pudesse deliberar,
de forma autónoma, o tempo de duração de aula".Além
disso, "a maioria esmagadora das escolas não autonomizou (criou uma
disciplina autónoma) a disciplina de História, Geografia e Cultura dos
Açores. A mesma terá um carácter transversal e os seus conteúdos serão
teoricamente ministrados no âmbito das outras disciplinas".Isso "quer dizer que, em grande parte dos casos, o ensino da História dos Açores terminou", considerou o deputado.