PPM denuncia “asfixia” na economia do Corvo devido à falta de abastecimento
Açores/Mau tempo
5 de mar. de 2020, 10:55
— Lusa/AO Online
"É uma situação de
asfixia da economia da ilha do Corvo, uma coisa impressionante. Os
empresários queixam-se todos os dias que assim não conseguem trabalhar.
Alguns já dizem que vão fechar", afirmou hoje o deputado único do
partido na assembleia regional, Paulo Estêvão, eleito pela ilha do
Corvo, em conferência de imprensa em Ponta Delgada. A
passagem do furacão Lorenzo pelos Açores em outubro de 2019 provocou a
destruição do porto das Lajes das Flores, responsável pelo abastecimento
às ilhas do grupo ocidental do arquipélago. No
caso do Corvo, o Governo Regional contratou a embarcação Lusitânia (da
empresa Barcos do Pico) que deveria abastecer a ilha semanalmente vindo
diretamente do Faial (sem passagem pelas Flores). Devido
a condições meteorológicas adversas, o barco não tem conseguido
realizar a travessia, tendo o último abastecimento via marítima sido
feito a 12 de fevereiro. O deputado
monárquico pede ao Governo dos Açores que frete outro navio que
apresente "condições" para realizar o abastecimento à ilha mais pequena
do arquipélago. "[A situação] Não tem nada
de complexidade. A complexidade é essa: é fretar um navio que tenha as
condições que lhe permita fazer a travessia com regularidade entre o
Faial e a ilha do Corvo. Tal como já sucede, a proposta até foi minha,
com o abastecimento à ilha das Flores", afirmou. Entre
Dezembro de 2019 e Janeiro de 2020, a ilha das Flores ficou perto de um
mês sem abastecimento devido ao estado do tempo, tendo a situação
ficado solucionada após o Governo Regional ter fretado um outro navio, o
"Malena", que tem conseguido realizar o abastecimento semanal à ilha. "Há
uma enorme revolta por parte da população. Uma enorme revolta no
sentido de se sentirem completamente abandonados pelo Governo. Ainda por
cima nós estamos a ver a como se está a fazer em relação à ilha vizinha
[Flores]", afirmou Estêvão, referindo-se à revolta dos corvinos. Em
nota de imprensa, o Governo açoriano informou hoje que o "Lusitânia" se
encontra a aguardar a melhoria do estado do mar para realizar a
ligação, tendo anunciado que durante o dia de hoje o abastecimento à
ilha do Corvo foi realizado por via área, tendo sido transportados 2.500
quilos de mercadoria diversa, situação "insignificante" para Paulo
Estêvão. "Tudo o que é o transporte de
algumas centenas de quilos é absolutamente insignificante para as
necessidades da ilha. A verdade é que se continua a enfrentar esta
situação como fosse uma situação de urgência. Já se passaram cinco meses
[desde a passagem do furacão]", criticou.O
deputado regional disse ainda que irá solicitar reuniões com os grupos
parlamentares da Assembleia da República para dar nota que o "dinheiro
enviado" para os Açores para fazer face aos prejuízos provocados pelo
Lorenzo "não está a chegar ao Corvo". "Uma
verba muito significativa foi transferida ao abrigo da solidariedade
nacional e é preciso dizer que esse dinheiro da solidariedade nacional
chega aos Açores mas depois não existe solidariedade dentro da região",
destacou. Durante a passagem do Lorenzo
pelos Açores foram registadas 255 ocorrências e 53 pessoas tiveram de
ser realojadas, num total de cerca de 330 milhões de euros de prejuízo,
sendo 85% deste valor assumido pelo Governo nacional.