PPM/Açores leva plano regional a plenário para travar incineradora em São Miguel
8 de abr. de 2020, 09:29
— Lusa/AO Online
"Tínhamos uma proposta de alteração do PEPGRA
na assembleia em que estavam submetidas audições a várias personalidades
e entidades. Acontece que, tendo em conta a abertura do concurso
[público por parte da MUSAMI, empresa intermunicipal de gestão de
resíduos de São Miguel], retirei da comissão para forçar a discussão no
plenário", avançou à agência Lusa o deputado do PPM na
Assembleia Legislativa, Paulo Estêvão. Em
30 de Março, foi publicado em Diário da República a abertura de um
concurso público internacional por parte da MUSAMI para a "empreitada de
conceção, construção e fornecimento de uma central de valorização
energética de resíduos" em São Miguel.Segundo
a proposta de revisão dos monárquicos, a construção de uma incineradora
naquela ilha só poderá ocorrer mediante a existência de cinco
condições, como a "prévia observância da hierarquia de gestão de
resíduos" na região, a garantia que não serão incinerados resíduos com
possibilidade de serem reciclados e quando o transporte marítimo de
resíduos para o continente seja "inviável do ponto de vista do custo
global". O PPM pretende também ver
alcançadas as metas europeias de reciclagem na região e assegurar que a
quantidade de resíduos a eliminar "não ultrapasse a capacidade não
utilizada" da incineradora da Terceira.Em
comunicado, o PPM assinala que a proposta de alteração do PEPGRA visa
criar um "conjunto de condicionalismos a propósito de uma hipotética
construção de uma incineradora de resíduos" em São Miguel.Na
nota, o deputado Paulo Estêvão salienta que a incineradora da Terceira
está a funcionar "muito abaixo da sua capacidade", pelo que consegue
tratar os resíduos de São Miguel."Os
responsáveis desta última incineradora [da Terceira] informaram o
parlamento dos Açores que têm capacidade para tratar todos os resíduos
produzidos na ilha de São Miguel, desde que, nessa ilha, sejam
implementadas medidas de prevenção", salienta o comunicado.O
partido sinaliza que o Governo Regional "tinha a obrigação legal" de
rever o PEPGRA até ao passado dia 29 de março, não o tendo feito "para
manter em vigor o quadro legal que permite a construção de uma
incineradora" em São Miguel, segundo os monárquicos, que acusam o
executivo de Vasco Cordeiro de ser "cúmplice" no processo."A
construção da mesma [incineradora] representa um grave risco para a
saúde da população da ilha de São Miguel e impedirá que a região alcance
as metas definidas pela União Europeia", aponta o partido.A instalação de uma incineradora na ilha de São Miguel tem sido alvo de debate ao longo dos últimos anos. Em
2016, a Associação de Municípios da Ilha de São Miguel decidiu, por
unanimidade, avançar com a construção de uma incineradora de resíduos,
orçada em cerca de 60 milhões de euros.Além
das contestações por parte de associações ambientalistas, o concurso
para a construção da incineradora na maior ilha dos Açores esteve sob
alçada da justiça devido a queixas por parte de um dos concorrentes, a
empresa Termomeccanica, que foi excluída em detrimento do consórcio
luso-alemão formado pela CME e Steinmüller Babcock Environment.Em
outubro passado, o Tribunal Administrativo e Fiscal de Ponta Delgada
decidiu anular a adjudicação da construção da incineradora ao consórcio
CME/Steinmuller Babcok Environment, por parte da MUSAMI.Em
dezembro, os seis municípios de São Miguel decidiram avançar com um
novo concurso para a construção de uma incineradora na ilha açoriana,
com menos 30% da capacidade inicialmente prevista.