Povo da Colômbia apoia processo de paz e quer mudança
A chefe da diplomacia colombiana disse em Lisboa que a maioria da população do país apoia o atual processo de paz com a guerrilha e que o chefe de Estado colombiano visita oficialmente Portugal em meados de maio.

Autor: Lusa/Açoriano Oriental

 

"A grande maioria dos colombianos quer a paz, estamos convencidos que é a voz da Colômbia que quer uma mudança e esperamos que a sua aplicação seja o mais rápido possível", assegurou a chefe da diplomacia María Ángela Holguín, no decurso de uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo Augusto Santos Silva após uma reunião bilateral.

O Governo do Presidente Juan Manuel Santos e a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia concluíram no final de 2016 um acordo de paz, que está a ser aplicado, na sequência de um conflito armado com mais de meio século. Mais recentemente, foram iniciadas conversações de paz no Equador entre representantes de Bogotá e o Exército de Libertação Nacional (ELN), a segunda força da guerrilha no país latino-americano.

"Oxalá que quando o Presidente Santos termine o seu mandato em agosto de 2018 tenhamos uma paz com o ELN e assim uma paz completa para a Colômbia", disse a chefe da diplomacia.

"Em julho deverá ocorrer o desarmamento e o processo de reintegração dos guerrilheiros das FARC na vida civil e política do país. Continuaremos a trabalhar pela paz até 2018", precisou.

A ministra colombiana também confirmou que a visita oficial a Portugal do Presidente Juan Manuel Santos vai decorrer em maio mas "após a visita do papa Francisco a Fátima", sendo avançadas as datas de 16 e 17 de maio, ainda sujeitas a confirmação.

Nas declarações conjuntas, a María Ángela Holguín -- que escolheu Lisboa para se reunir com os 21 embaixadores que representam a Colômbia na Europa -- destacou o apoio do seu homólogo português ao processo de paz, sublinhando que "depois do conflito temos encontrado em Portugal um grande amigo e um parceiro muito importante".

Na resposta, Augusto Santos Silva salientou que o alcance do atual processo de paz, que "extravasa em muito a geografia colombiana".

"É um exemplo de que os conflitos, mesmo os mais críticos, os mais duradouros, podem ser resolvidos com o compromisso das partes e com negociações construtivas", frisou.

O ministro português recordou ainda participação do país no fundo fiduciário da União Europeia (UE) para o desenvolvimento rural na Colômbia, "um dos instrumentos mais importantes para o pós-conflito", e também na missão de observação e monitorização do processo de paz na Colômbia no quadro das Nações Unidas.

"Participamos com militares e oficiais da polícia nessa missão de observação e verificação conduzida pelas Nações Unidas".

Augusto Santos Silva definiu ainda as relações bilaterais como "excelentes do ponto de vista político" que sairão reforçadas com a próxima visita do Presidente da Colômbia a Portugal em maio, e ainda "excelentes do ponto de vista económico".

"A Colômbia é hoje um mercado muito importante para muitas empresas portuguesas, e também do ponto de vista cultural. A cooperação cultural entre os dois países é também muito rica e elevada", assinalou o ministro.

Por fim, Augusto Santos Silva congratulou-se a opção de Lisboa para os encontros diplomáticos de María Ángela Holguín com os seus embaixadores na Europa. "É um gesto de amizade muito importante que também agradeço publicamente".