Posição perante Israel prejudica popularidade de Biden
EUA/Eleições
27 de nov. de 2023, 13:20
— Ricardo Jorge Pinto/Lusa/AO Online
As
sondagens desta semana para a corrida presidencial de 2024 mostram que
Biden aparece atrás do provável candidato republicano Donald Trump, numa
altura em que os seus índices de popularidade também caem para níveis
recorde.De acordo com o portal 538 (que
realiza médias de sondagens), Biden aparece esta semana com um nível de
aprovação de apenas 38,9 por cento, com 55 por cento dos eleitores a
mostrarem-se desagradados com a sua presidência.Nestas
sondagens, destaca-se o facto de apenas 33 por cento dos eleitores
aprovarem a forma como o Presidente norte-americano está a lidar com a
sua política externa e vários analistas consideram que nesta quebra de
aceitação está a pesar particularmente o apoio do Governo dos EUA a
Israel nos bombardeamentos destinados a destruir o grupo islamita Hamas.Entre
todos os eleitores registados, apenas 34 por cento dos norte-americanos
gostam do posicionamento do seu Governo face à guerra na Faixa de Gaza,
contra 56 por cento que se declaram manifestamente insatisfeitos.No
Partido Republicano, a rejeição desse posicionamento tem vindo a
aumentar, com percentagens que atingem já os 69 por cento de eleitores
que o desaprovam com apenas 22 por cento a apoiarem.Entre
os eleitores do Partido Democrata, 51 por cento dos eleitores
registados aprovam a forma como Biden está a lidar com o conflito no
Médio Oriente, contra 41 por cento que se mostram desfavoráveis.A
divisão dentro do Partido Democrata sobre esta matéria tem vindo a
crescer, à medida que crescem de tom manifestações a favor da Palestina
em várias cidades norte-americanas, bem como nos ‘campus’ das
universidades, onde muitos jovens - vários deles eleitores democratas -
se manifestam contra a posição dos EUA no conflito.O
congressista democrata Dan Goldman reconheceu esta semana, numa
entrevista televisiva, que o seu partido deve olhar com atenção para a
reação de muitas pessoas que olham com desconforto para a forma como
Israel está a lidar com o conflito com o grupo Hamas, colocando em
questão a forma como o Governo dos EUA está a lidar com o problema.Contudo,
o congressista, eleito por Nova Iorque, também disse que vários dos
seus eleitores o têm confrontado com a necessidade de o Governo dos EUA
manter a sua posição de apoio a Israel, perante a ameaça que o Hamas
constitui para a comunidade judaica, assumindo que o tema é
particularmente fraturante. Entre os
líderes do Partido Democrata, embora a fação mais moderada esteja a
aplaudir a estratégia da Casa Branca no conflito do Médio Oriente, a
fação mais à esquerda não esconde o desagrado perante a forma como Biden
está a alienar o apoio do eleitorado jovem e das minorias, que têm
contestado a forma como o seu Governo tem permitido a violência de
Israel contra a população palestiniana na Faixa de Gaza.Esta
semana, membros do partido que trabalharam na campanha das primárias de
há quatro anos com a senadora Elizabeth Warren e com o senador Bernie
Sanders – ambos da fação mais à esquerda dos democratas – escreveram uma
carta aberta em que pediam a introdução no Senado de uma resolução a
favor de um cessar-fogo na guerra no Médio Oriente, contestando a
“estratégia ambígua” como Biden se posiciona perante a questão.