Portugueses menos precupados com pandemia, mas apreensivos com economia
Covid-19
29 de mai. de 2020, 09:20
— Lusa/AO Online
Elaborado pela
Kantar para a Centromarca - Associação Portuguesa de Empresas de
Produtos de Marca, o inquérito revela que “o alerta dos portugueses tem
vindo a intensificar-se relativamente ao impacto negativo [da crise
pandémica] na economia”, nomeadamente quanto “ao possível colapso da
segurança social e à perda de emprego”.Segundo
as conclusões do trabalho, “também o padrão de consumo sofreu
alterações com o estado de calamidade”, verificando-se, nas semanas de
03 a 17 de maio, uma “maior presença dos portugueses nas lojas, com uma
diminuição acentuada no tamanho das cestas (que, ainda assim, se mantém
superior ao padrão pré-covid)”.“O
desconfinamento e uma maior mobilidade geram um comportamento de compra
mais próximo do que se verificava antes da pandemia, com um maior número
de visitas às lojas e, consequentemente, um volume de compras um pouco
inferior em cada uma dessas visitas. É de salientar ainda que – ao
contrário do que se verificava até ao início desta crise – os
portugueses preferem realizar agora as suas compras nos dias de semana e
não ao fim de semana como anteriormente”, afirma o diretor-geral da
Centromarca, Pedro Pimentel, citado no comunicado. Relativamente
às compras no setor de ‘Fast Moving Consumer Goods’ (FMCG – bens de
grande consumo), as conclusões do inquérito apontam que “as medidas de
segurança nos locais de compra e na forma como os portugueses consomem
aumentaram”.Segundo a Kantar, há uma maior
compra de produtos locais, um menor tempo passado nas lojas e uma opção
por lojas mais perto de casa, assumindo os inquiridos que estão “em
fase de ‘desconfinamento’, mas controlado”, evitando a utilização de
transportes públicos e locais de muita afluência.“O
tipo de produtos comprados, o tempo passado dentro das lojas e a ida
aos estabelecimentos físicos mostram-nos o impacto direto que o
‘desconfinamento’ tem nos novos hábitos dos portugueses”, explica Marta
Santos, ‘manufacturers sector director’ da Kantar.Em
relação às rotinas fora de casa, os portugueses afirmam pretender
passar férias em Portugal, mas diminuir os gastos na área da restauração
e em bares, bem como em atividades de lazer. “Uma
parte substancial da população ainda apresenta algum receio de
regressar a atividades de consumo fora do lar. Acreditamos que é
importante manter um comportamento prudente e responsável, mas que é
necessário amenizar medos excessivos que podem dificultar o regresso e
atrasar a necessária recuperação económica do país”, salienta o
diretor-geral da Centromarca.O inquérito
foi realizado numa amostra de 4.000 lares participantes, representativos
de Portugal Continental e dispersos em mais de mil pontos de sondagem,
que declararam as suas compras ao longo das 20 primeiras semanas de
2020. Os resultados apresentados têm um nível de confiança de 95%, com erro amostral associado de 1,96%. Fundada
em junho de 1994, a Centromarca reúne 52 associados detentores de mais
de 1.100 marcas que, em conjunto, representam um volume de vendas anual
no mercado nacional da ordem dos 6.500 milhões de euros, empregando mais
de 25 mil pessoas.