Portuguesa Sandra Maximiano vai liderar organismo para proteger cabos submarinos
29 de nov. de 2024, 15:45
— Lusa/AO Online
O chamado
Órgão Consultivo para a Resiliência dos Cabos Submarinos, composto por
cerca de 40 especialistas de vários governos, empresas e outras
instituições, vai tentar encontrar “boas práticas e respostas” para
combater os cerca de 150 a 200 incidentes que estas estruturas registam
por ano, sublinhou, em conferência de imprensa, o secretário-geral
adjunto da UIT, Tomas Lamanauskas.O novo
organismo será copresidido pela portuguesa Sandra Maximiano, presidente
da entidade reguladora das comunicações, e pelo ministro das
Telecomunicações da Nigéria, Bosun Tijani.Lamanauskas
garantiu, no entanto, que o novo organismo não vai investigar casos
como os recentes no mar Báltico, um dos quais levantou a suspeita de que
um cargueiro chinês possa ter provocado uma rotura de um cabo de fibra
ótica entre a Finlândia e a Alemanha, e um outro que se acredita ter
sido sabotagem ao ser quebrado um cabo entre a Suécia e a Lituânia.“Isto continuará a ser da responsabilidade de autoridades nacionais específicas”, sublinhou o “número dois” da UIT.A
Nigéria, que se situa numa zona especialmente afetada nos últimos
tempos por este tipo de cortes nas comunicações subaquáticas, acolherá
no próximo mês de fevereiro a cimeira inaugural da organização,
sublinhou Lamanauskas.A UIT recorda que
99% dos dados internacionais viajam através destes cabos submarinos, que
sofrem danos tanto por causas naturais (maremotos ou ‘tsunamis’) como
por atividades humanas, desde a pesca à navegação comercial, até aos
danos provocados por razões estratégicas.Do
total, 7% dos incidentes são causados pelo homem, disse o
secretário-geral adjunto da UIT, admitindo que os consumidores não
costumam ser afetados, uma vez que o tráfego pode ser redirecionado para
outras rotas.No entanto, se os acidentes
danificarem elos muito estratégicos, por exemplo no Mediterrâneo ou no
Mar Vermelho, recentemente muito afetados por este tipo de problemas, o
tráfego de dados pode ser interrompido, esclareceu Lamanauskas.Um
caso extremo ocorreu em 2022 em Tonga, quando erupções vulcânicas e
‘tsunamis’ no Oceano Pacífico deixaram a ilha-Estado de Tonga “isolada”
da Internet durante várias semanas, tendo sido necessários cerca de 18
meses para reparar os danos então sofridos.Nos
últimos dias, as autoridades da Finlândia, Suécia e Lituânia têm estado
a investigar danos sofridos quase em simultâneo nos seus cabos
submarinos.A principal suspeita é que os
danos tenham sido causados pela âncora do cargueiro chinês ‘Yi Peng 3’,
até porque os dados de tráfego marítimo mostram o navio nas proximidades
de ambos os cabos no momento em que foram detetadas as roturas.O
‘Yi Peng 3’ está ancorado há dias no estreito de Kattegat, em águas
internacionais, entre a Dinamarca e a Suécia, escoltado por vários
navios patrulha dinamarqueses, suecos e alemães para evitar que continue
a navegar e saia do Báltico.